Dificuldade na campanha era maior que a prevista
Em um perfil recente, a revista "Piauí" chamou Eduardo Campos de "candidato anfíbio". Era uma boa definição para sua capacidade de transitar da esquerda à direita, do governo à oposição, com uma versatilidade que surpreendia políticos mais veteranos.
Neto de Miguel Arraes, perseguido pela ditadura militar, o presidenciável vestiu o figurino conciliador. Cultivava proximidade com movimentos sociais, base histórica do avô, mas investia em alianças com conservadores pelo sonho de chegar ao Planalto.
Foi de olho na sucessão que ele abriu as portas do Partido Socialista Brasileiro para ícones do velho PFL, como os ex-senadores Jorge Bornhausen e Heráclito Fortes. Estava prestes a fazer o mesmo com o ruralista Ronaldo Caiado quando foi surpreendido pela adesão de Marina Silva, em outubro de 2013.
O candidato ajustou o discurso para incorporar o repertório ecológico da vice, mas as contradições da chapa continuavam. Em Pernambuco, seu palanque teria a presença de Severino Cavalcanti e Inocêncio Oliveira, símbolos da "velha política" que ele prometia combater.
Faltando menos de dois meses para a eleição, Campos enfrentava mais dificuldades do que previa em suas análises otimistas do início do ano. Ele esperava chegar ao início da propaganda de TV, semana que vem, com cerca de 20% das intenções de voto. Tinha apenas 8%, segundo o Datafolha, e não conseguia provar a viabilidade de uma terceira via em 2014.
Mesmo que não chegasse desta vez ao segundo turno, todos apostavam que ele voltaria mais forte na próxima corrida presidencial. Aos 49 anos, o pernambucano contava com o tempo a seu favor.
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