É 'insuportável' a notícia da morte de Campos, diz Caetano Veloso
O cantor e compositor Caetano Veloso afirmou nesta quinta-feira (14) que é "insuportável" a notícia da morte do presidenciável e ex-governador Eduardo Campos (PSB), vítima de uma acidente aéreo em Santos, litoral de São Paulo.
O músico disse que a tragédia aumenta a descrença na política do país, como se evidenciasse "a inviabilidade de superação dos nossos problemas", e que o momento é de luto. Ele destacou ainda, em um texto publicado em sua página no Facebook, que conheceu o político ainda criança.
"Olhando as responsabilidades que ele assumiu (e das quais deu conta com folga), sinto-me um menino diante de um adulto. Mas percebi o peso dos anos ao ver na TV a notícia insuportável de sua morte: me vi de repente cansado demais das esperanças ligadas ao Brasil", disse Caetano. "São muitas décadas de teimosa aposta no país em que nasci", completou.
Reprodução/Facebook/FalaCaetano | ||
Para Caetano, Campos fazia política de forma desafiadora. "Que tenha morrido aos 49 anos um líder como Eduardo parece sinal de negação de quaisquer possibilidades. Esboça-se o gesto de um político que prometia ver com coragem as complexidades de nossa vida, desafiando a polaridade empobrecedora dos grupos majoritários estabelecidos, e vem a foice do destino dizer que não. Sinto como se evidenciasse a inviabilidade de superação dos nossos problemas", afirmou.
Segundo ele, a "a hora é de luto", com solidariedade aos familiares e a Marina Silva cotada para assumir a vaga do PSB na disputa ao Palácio do Planalto.
"Acompanhar Marina Silva em suas palavras de pesar; seguir leal ao tom de dignidade que ela, ao aproximar-se de Eduardo, adensou no nosso enfermo cenário político; chorar com a mãe, a mulher, os filhos, os parentes todos de Eduardo (essa família tão merecidamente amada do povo pernambucano e do meu coração); e tentar, com paciência, reaprender que pode-se perder a fé e a esperança mas que a caridade (o amor) não morre - e assim redime sempre as outras virtudes."
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ACIDENTE
O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos, 49, morreu nesta quarta (13) em acidente aéreo em Santos, litoral paulista, onde cumpriria agenda de campanha. O jato Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, partira do Rio e caiu em área residencial.
Dois pilotos e quatro assessores também morreram, e sete pessoas em solo ficaram feridas. Os restos mortais removidos do local do acidente chegaram na noite desta quarta-feira (13) na unidade do IML (Instituto Médico Legal) na rua Teodoro Sampaio, no bairro Pinheiros, em São Paulo. A Aeronáutica investiga a queda.
Governador de Pernambuco por dois mandatos, ministro na gestão Lula, presidente do PSB e ex-deputado federal, Campos estava em terceiro lugar na corrida ao Planalto, com 8% no Datafolha. Conciliador, era considerado um expoente da nova geração da política.
O PSB tem dez dias para anunciar eventual substituição do candidato. Adversários na disputa, PT e PSDB já se preparam para enfrentar Marina Silva, a vice de Campos. Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) decretou luto oficial de três dias e afirmou que o acidente "tirou a vida de um jovem político promissor". Também presidenciável, Aécio Neves (PSDB) disse ter perdido um amigo.
Marina declarou que guardará dele a imagem de "alegria" e "sonhos". Campos morreu num 13 de agosto, mesmo dia da morte do avô, o também ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Campos deixa mulher, Renata Campos, e cinco filhos, o mais novo nascido em janeiro. "Não estava no script", disse Renata.
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