Senador tucano vai exonerar servidor que recebeu passagem de Youssef
O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) disse nesta terça-feira (9) que vai exonerar o servidor de seu gabinete que recebeu uma passagem aérea paga pelo doleiro Alberto Youssef. Lucena disse que não sabia da relação do servidor com o doleiro e a viagem ocorreu durante as férias de Luiz Paulo Gonçalves de Oliveira, seu funcionário.
O caso foi revelado nesta quarta pelo jornal "O Estado de S.Paulo". Segundo o jornal, recibos comprovam a compra de bilhetes de ida e volta pela companhia TAM no valor de R$ 3,3 mil, em janeiro de 2012, para dois servidores do Senado: um do gabinete de Lucena, outro do senador Ciro Nogueira (PP-PI).
"Eu não tenho nada a ver com isso. Sou oposição, jamais meu gabinete poderia oferecer alguma coisa a esse doleiro. Eu fui um dos senadores que pediu a instalação da CPI da Petrobras", disse Nogueira.
O senador afirmou que vai assinar a exoneração de Oliveira quando retornar a Brasília, após o "recesso branco" das eleições. Segundo Lucena, o servidor viajou a convite do doleiro para acompanhar outro funcionário do Senado, Mauro Conde Soares, que também foi a São Paulo com passagem paga por Youssef.
Soares é funcionário de Nogueira, que também exonerou o servidor nesta quarta. Lucena disse que o seu funcionário é concunhado do servidor de Nogueira, por isso viajaram juntos.
Assim como Lucena, Nogueira nega manter qualquer relação com Youssef ou Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras que está preso sob suspeita de receber propina do doleiro para favorecer empresas em contratos com a estatal. O senador do PP foi citado por Paulo Roberto, em depoimento à Justiça, como um dos congressistas que estariam envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras.
Presidente do PP, Ciro Nogueira prometeu renunciar ao mandato se ficar comprovado qualquer vínculo seu com o ex-diretor ou com as irregularidades na estatal. Em carta encaminhada ao juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª. Vara Criminal de Curitiba (PR), que investiga o caso, Nogueira se diz "perplexo" com as acusações que ligam o seu nome à Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que descobriu o esquema de lavagem de dinheiro na estatal.
Nogueira disse que o PP não vai investigar o envolvimento de membros da sigla porque não tem "instrumentos" para apurar as denúncias. "Quem tem instrumento é a CPI, o Ministério Público, a Polícia Federal. Depois de apurada, aí sim o partido deve se reunir para tomar atitudes se tivermos culpados."
Além da promessa de renunciar ao mandato, o senador disse que abre mão de "qualquer tipo de segredo de Justiça" nas investigações do caso.
O presidente do PP disse que assume a responsabilidade por ter nomeado o servidor, mas nega qualquer envolvimento ou encontro com Youssef. Segundo o senador, ele não sabia da viagem do funcionário porque Soares disse que ela ocorreu em "caráter pessoal" durante o período de recesso parlamentar do Congresso.
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