'Sou um antininguém', diz Sartori, após salto em pesquisa no RS
Surpresa na reta final da campanha ao governo do Rio Grande do Sul, agora na briga por uma vaga no segundo turno, José Ivo Sartori (PMDB) se declara um candidato "antininguém".
"O pessoal que operou [a campanha] sabia como eu era, do meu jeito, e procurou traduzir isso para o rádio e para a TV como conteúdo. É um jeito mais tranquilo, sempre fui assim", disse à Folha, ao tentar explicar sua subida nas pesquisas.
"Nunca fui para um debate para fazer pegadinha com alguém ou para causar controvérsia e tirar proveito da ocasião."
O que também contribuiu para a ascensão do peemedebista foi a troca de acusações entre o governador Tarso Genro (PT) e a senadora Ana Amélia Lemos (PP).
Agora, o cenário é de indefinição sobre quem irá ao segundo turno, segundo o Datafolha.
Tarso tem 32% das intenções de voto, ante 28% de Ana Amélia e 23% de Sartori, em levantamento desta semana com margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Luiz Chaves/Divulgação | ||
Ivo Sartori (PMDB), candidato ao governo do Rio Grande do Sul |
ATAQUES E QUEDA
Ana Amélia esteve na frente na maioria das pesquisas feitas desde agosto, mas começou a cair após o PT intensificar ataques na TV nas últimas semanas. As taxas de rejeição dela aumentaram, e o apoio no interior, onde tinha melhor desempenho, também se retraiu.
Na TV, os ataques do Tarso se concentraram na revelação de que ela foi funcionária comissionada do Senado ao mesmo tempo em que trabalhava como jornalista. Em debates, o governador falou muito que ela "não conhece o Estado", não tem experiência administrativa e vai cortar gastos relevantes, caso eleita.
Sartori, com um bom tempo de televisão (cerca de cinco minutos em cada propaganda), se beneficiou da migração de votos. Na primeira pesquisa, em agosto, ele fez apenas 7%.
As eleições no Estado se polarizam desde os anos 90 entre o eleitorado do PT e o que rejeita o partido.
Nas campanhas de 2002 e 2006, o eleitor antipetista acabou migrando na reta final para candidaturas que se estabeleceram como terceira via.
Há oito anos, Yeda Crusius (PSDB), que tinha passado a maior parte do tempo em terceiro lugar, acabou indo ao segundo turno e vencendo a eleição. Em 2002, situação semelhante ocorreu com Germano Rigotto (PMDB).
"O GRINGO"
Nas simulações de segundo turno, Sartori aparece agora numericamente à frente de Tarso e de Ana Amélia.
Para a professora Silvana Krause, da pós-graduação em ciência política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a candidatura do PMDB foi favorecida por uma "volatilidade" do eleitorado, que está com dificuldade de se posicionar.
Ela também afirma que a estratégia de marketing do peemedebista foi inteligente ao dialogar com o eleitor do interior do Estado.
Sartori, 66, é ex-prefeito de Caxias do Sul e se apresentou no horário eleitoral como "o gringo", apelido dados aos descendentes de italianos do interior. Nos debates, adotou discurso pouco agressivo contra os adversários e sem grandes promessas.
"Tinha gente que queria que eu atacasse um lado ou outro, mas não sou daqueles que vai desconstituir alguém", diz o peemedebista.
Ele é um dos poucos candidatos a governador no país fora do PSB a receber o apoio incondicional da presidenciável Marina Silva. Sempre que possível, cita as manifestações de 2013, apesar de não ter tido até agora bom desempenho entre o eleitorado jovem.
Sartori, Tarso e Ana Amélia decidiram priorizar nos últimos dias de campanha a região metropolitana de Porto Alegre, onde vive um terço da população do Estado.
Tarso tem como base eleitoral a capital, mas, segundo o Datafolha, seu desempenho piora nas cidades vizinhas. Para permanecer na disputa, Ana Amélia conta com a difusão pelo interior do PP, que é o partido no comando de mais prefeituras.
Luiz Chaves/Divulgação | ||
Ivo Sartori (PMDB), candidato ao governo do Rio Grande do Sul |
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