Lula se impõe sobre dilmistas e já entra na corrida por 2018
Dentro do PT, a luta continua. Mal acabou o primeiro turno, aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já lançavam ontem sua candidatura à Presidência em 2018.
Numa demonstração de que o partido encerra o primeiro turno dividido entre lulistas e os aliados da presidente Dilma Rousseff, Lula nem sequer pestanejou quando questionado sobre o desejo de concorrer daqui a quatro anos.
"Penso política até o último dia da minha vida. Agora, não é possível discutir candidatura no momento em que a eleição não terminou. Isso vai se discutir em 2017", afirmou ele.
O ex-presidente reconheceu, porém, que a idade pode ser um empecilho para seu projeto político.
"Vou fazer 69 anos pelos documentos amanhã e pelas informações de minha mãe no dia 27 de outubro. Quem chega aos 70 anos tem que dar graças a Deus de estar vivo nos próximos quatro anos".
No primeiro turno (ou round), ministros de Dilma pregavam o afastamento do ex-presidente, especialmente após o movimento de "volta, Lula". Pesou o argumento de que Dilma deveria ser poupada de uma associação com o mensalão.
Lalo de Almeida/Folhapress | ||
Lula ao lado de Alexandre Padilha e eleitores antes de votar, em São Bernardo do Campo (Grande SP) |
Lula, no entanto, teve que ser convocado quando a presidente amargava um empate com a ex-ministra Marina Silva, em 34%. Ele assumiu, então, o confronto com Marina e foi às ruas de São Paulo. Só depois disso Dilma se recuperou nas pesquisas.
"Fico feliz de ter participado", disse Lula.
Ele também derrotou conselheiros do palácio ao convencer Dilma a incluir a corrupção no debate eleitoral. Ontem, ele já ditava a linha da disputa no segundo turno. Para ele, a comparação entre a política econômica dos governos do PSDB e do PT entrará em cena. Mas a corrupção será a tônica do embate.
"Aécio é um cara que tem falado muito em corrupção, e esse é o tema que acho que a Dilma vai querer debater com Aécio também, porque é sempre apaixonante, cheio de diz-que-diz."
Após votar na manhã de ontem em São Bernardo do Campo (SP), Lula manteve os ataques a Marina. Disse apostar na chegada do tucano Aécio Neves ao segundo turno porque "não se inventa candidatura de última hora".
Sem citar Marina, Lula fez ainda uma crítica velada à candidata do PSB, que chorara ao ser informada de comentários sarcásticos do ex-presidente: "Quem tinha de falar já falou, quem tinha de gritar já gritou, quem tinha de chorar já chorou. Agora, todo mundo se subordina à consciência política do povo que vai votar".
Apesar do desempenho no cenário nacional, Lula sofreu reveses nos Estados, com a derrota de seus apadrinhados no Rio e São Paulo. A ala dilmista ganhou força com a vitória de petistas rejeitados por Lula, como em Minas Gerais e na Bahia.
Na saída da escola onde votou, na cidade do ABC paulista, Lula avisou que descansará nos próximos dois dias para se dedicar ao segundo turno. "Vou recuperar um pouco a garganta, porque vai ter muito comício", adiantou.
No caminho até a seção, foi cercado por eleitores, posou para fotos ao lado de Alexandre Padilha e do candidato a deputado Frank Aguiar.
Segundo petistas, ele pretende participar mais ativamente do comando da campanha. "Vamos que vamos", conclamou.
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