Estados adiam feriado do dia do servidor para depois das eleições
Num cenário de acirramento da disputa presidencial entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), governadores de diferentes Estados adiaram o feriado do dia do servidor público para 31 de outubro, primeira sexta-feira após a eleição.
Comemorado em 28 de outubro, o dia é de ponto facultativo nas instituições municipais, estaduais e federais, o que na prática resulta em feriado para a maior parte dos funcionários públicos e outros servidores.
A decisão pelo adiamento ajudará a evitar que servidores deixem as cidades onde moram para viajar durante um feriado prolongado que incluiria o domingo das eleições.
Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná e Pernambuco estão entre os Estados que adiaram o feriado para o dia 31 - os dois primeiros são governados por aliados de Dilma, enquanto os outros dois são comandados por aliados de Aécio.
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Dilma Rousseff e Aécio Neves durante debate na TV Record |
Em São Paulo, governada pelo tucano Geraldo Alckmin, o dia do servidor foi marcado para dia 30, uma quinta-feira.
Na contramão desses Estados, o governo do Ceará optou por antecipar o feriado para a segunda-feira (27), formando um feriadão de três dias no fim de semana da eleição.
O Estado é governado por Cid Gomes (Pros), aliado da presidente Dilma Rousseff e apoia o petista Camilo Santana na disputa do segundo turno pelo governo cearense.
No governo federal, portaria expedida pelo Ministério do Planejamento em janeiro deste ano manteve o feriado no dia 28, com expediente normal no dia anterior. Com isso, não haverá feriado prolongado.
'PRAXE'
A secretaria de Administração do governo da Bahia informa que o adiamento de feriados que acontecem no meio da semana "é praxe". E informa que a decisão não teve nenhuma relação com as eleições.
Um dos coordenadores da campanha de Dilma no Estado, o vice-governador da Bahia e senador eleito Otto Alencar (PSD) diz que a decisão de adiar o feriado do dia do servidor foi acertada.
"Se o feriado fosse antecipado, as pessoas iriam viajar para descansar no fim de semana da eleição. Com isso, aumentaria a abstenção, o que é ruim para todos", diz.
Desde o início do segundo turno, a possibilidade de um aumento na abstenção é uma das principais preocupações do comando da campanha petista na Bahia. No primeiro turno, 23% dos eleitores do Estado não votaram.
Aliados da presidente chegaram a consultar o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) sobre a possibilidade de aumentar a frota de carros públicos disponibilizados para o transporte de eleitores. A ampliação do efetivo, contudo, foi negada pela Justiça Eleitoral.
POLÊMICA
A decisão sobre adiamentos ou antecipações do feriado do dia do servidor já foi alvo de polêmica em eleições anteriores.
Em 2008, o então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, antecipou o feriado para uma segunda-feira, um dia depois do segundo turno das eleições.
Na época, o feriado foi apontado como um dos motivos para a apertada derrota de Fernando Gabeira (PV) para Eduardo Paes (PMDB), aliado de Cabral, nas eleições para a prefeitura do Rio de Janeiro.
A eleição teve um índice de abstenção de 20,2% – maior desde 1996 - chegando a 27% em áreas mais nobres da cidade, onde Gabeira teve um melhor desempenho.
Na ocasião, Cabral disse que enxergar uma manobra política na antecipação do feriado seria um ato de "má-fé". Paes venceu Gabeira por 50,8% contra 49,2% dos votos válidos, numa diferença de 56 mil votos.
Colaboraram ANDRÉ UZÊDA, DANIEL CARVALHO, ESTELITA CARAZZAI e FELIPE BÄCHTOLD
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