Dilma diz que perdeu em SP porque a crise da água não foi 'iluminada'
A presidente Dilma Rousseff atribuiu nesta segunda-feira (27) sua derrota em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, ao fato de a crise de abastecimento de água não ter sido devidamente "iluminada" para a população.
Em entrevista ao Jornal da Record, da TV Record, a petista disse não conseguir compreender como uma crise dessa dimensão não influenciou uma disputa eleitoral.
A campanha de Dilma chegou a explorar o problema do sistema Cantareira em sua propaganda eleitoral e também em debates.
"Em São Paulo, estamos enfrentando a maior crise de água do Brasil. Até às vésperas do primeiro turno, ninguém tocava nesse assunto com exceção dos candidatos de oposição [ao governador Geraldo Alckmin (PSDB)]. Se fosse com qualquer governo da situação, nós seríamos criticados diuturnamente", afirmou.
Questionada se acusava a imprensa por não esclarecer a crise, ela não foi assertiva. "Uma crise daquela proporção não se refletir numa campanha eleitoral, eu não compreendo. Tenho muita dificuldade de compreender. Só posso atribuir ao fato dela não ter sido iluminada. Os refletores não foram colocados na crise. Acho que não houve informação correta para a população de São Paulo", disse.
Segundo os dados da Justiça Eleitoral, São Paulo é o principal reduto oposicionista a Dilma. O candidato Aécio Neves (PSDB) garantiu uma vantagem de quase 7 milhões de votos, com 64% do total, frente aos 36% de Dilma.
Na entrevista, a presidente perguntou o motivo da jornalista não ressaltar que teve 11 milhões de votos no Nordeste ao invés da derrota em território paulista.
PEDRA SOBRE PEDRA
A presidente voltou a se comprometer com o combate à corrupção e reafirmou que irá investigar a fundo o escândalo de corrupção na Petrobras. Ela disse não acreditar em uma espécie de terceiro turno das eleições por conta das denúncias de irregularidades na estatal.
"Eu não acredito em terceiro turno porque quem tentar um terceiro turno está fazendo um desserviço ao Brasil", afirmou. "No que se refere ao escândalo da Petrobras, vou repetir o que disse na campana: vou investigar, me empenhar doa a quem doe. Não vai ficar pedra sobre pedra. Quero todas as questões relativas [as denúncias] às claras", afirmou.
Dilma afirmou que tem "indignação" com a acusação de que ela e o ex-presidente Lula sabiam dos desvios de recursos públicos na empresa. A fala é uma referência a reportagem da revista Veja, publicada na semana passada.
"Eu tenho uma indignação com o que fizeram nesta última semana da campanha. Sou uma pessoa com trajetória política e uma integral dedicação a coisa pública, jamais houve uma única acusação. Não vou deixar essa acuação ser, passada a eleição, se esquece a acusação de corrupção. Vou me empenhar ainda mais para que isso seja revelado, entendido e que fique claro quem são os responsáveis. Não terá o menor problema porque antes de quererem investigar, eu quero investigar, quero entender".
Dilma voltou a falar que percebeu o recado das urnas por mudança e reiterou seu compromisso por mais diálogo.
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