Antes de a Câmara voltar a discutir cassação, Vargas visita sede do PT
Alan Marques/Folhapress | ||
André Vargas aguarda reunião da Executiva do PT; ele tampou o rosto para não ser fotografado |
Um dia antes de seu pedido de cassação voltar a ser discutido na Câmara, o deputado André Vargas (sem partido - PR) visitou a sede do PT em Brasília, que recebe nesta segunda-feira (3) uma reunião da cúpula do partido.
Vargas foi visto na sala ao lado do encontro da Executiva Nacional. Ao ser flagrado por fotógrafos, ele cobriu o rosto para tentar impedir as imagens. No local, Vargas estava acompanhado dos deputados Rogério Carvalho (PT-SE) e Policarpo (PT-DF).
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara deve analisar nesta terça-feira (4) recurso de Vargas contra sua cassação, que foi aprovada pelo Conselho de Ética da Casa.
Vargas responde a processo por quebra de decoro parlamentar devido ao seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef preso durante as investigações da Operação Lava Jato, deflagrada pela PF, sendo acusado de participar de um esquema de corrupção na Petrobras que, segundo a PF, movimentou R$ 10 bilhões.
O ex-petista disse à Folha, por torpedo, que veio conversar com o líder do PT na Câmara, Vicentinho (PT-SP), e José Guimarães (PT-CE), ex-líder da bancada. "Somos amigos e colegas e tínhamos assuntos variados", afirmou. Carvalho e Policarpo disseram que não sabiam o motivo da visita de Vargas.
Questionado se o gesto não pode ser interpretado como uma espécie de blindagem do partido, ele não respondeu. O deputado, que pertencia ao PT, foi pressionado pelo partido a pedir sua desfiliação em abril. A pressão para deixar a legenda ocorreu pois o parlamentar havia desistido de renunciar ao mandato depois que suas ligações com Youssef vieram à tona.
Na semana passada, um pedido de vista do deputado José Mentor (PT-SP) suspendeu a análise do relatório da CCJ que mantém a cassação de Vargas. Se a perda do mandato for mantida pela CCJ, o processo segue para análise final no plenário da Câmara.
Vargas responde a processo por dois episódios: um voo em um jatinho emprestado pelo doleiro, e o suposto uso de influência do parlamentar junto ao Ministério da Saúde para viabilizar um contrato da Labogen com o órgão para a formalização de um contrato de R$ 35 milhões para produção de medicamentos.
No recurso apresentado, a defesa de Vargas questionou a dispensa de algumas testemunhas e o fato de que Vargas não foi ouvido pelo colegiado, além da inclusão de alguns conselheiros no dia da votação do relatório final com a recomendação pela cassação do mandato e ilicitude de algumas provas.
A recomendação pela cassação do mandato de Vargas foi aprovado em 20 de agosto por unanimidade no Conselho de Ética.
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