Presidente da Câmara de Florianópolis é detido por suspeita de desvio
A Polícia Federal deteve 22 pessoas nesta quarta-feira (12) sob suspeita de participação em um esquema de corrupção na Câmara Municipal e na Prefeitura de Florianópolis. Segundo a investigação, ao menos R$ 30 milhões teriam sido desviados dos cofres públicos.
Até as 18h30, 14 pessoas haviam sido presas e oito haviam sido conduzidas à sede da corporação para prestar depoimento. Uma pessoa estava foragida.
Entre os presos estão o presidente da Fundação Cultural de Florianópolis, João Augusto Freyesleben Valle Pereira, e o vereador Marco Aurélio Espíndola (PSD), o Badeko. Já o presidente da Câmara, vereador César Faria (PSD), foi conduzido à sede da PF e liberado após prestar depoimento.
O delegado Allan Simões Dias informou que a maioria dos suspeitos são servidores municipais. O grupo será indiciado sob suspeita de crimes como participação em organização criminosa, corrupção ativa e passiva.
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Dinheiro apreendido com três servidores parados em blitz da PRF em setembro, no total de R$ 100 mil |
Segundo o policial, o esquema funcionava havia um ano e envolvia principalmente servidores municipais, que recebiam dinheiro de empresários em troca da manutenção ou da elaboração de contratos milionários.
De acordo com a PF, o esquema funcionava em três frentes: no Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), na Fundação Cultural e na Câmara Municipal.
Em nota, a corporação disse que comprovou que empresas especializadas em radares e lombadas eletrônicas simulavam concorrência em licitações com o apoio de servidores para garantir a elaboração de contratos com o poder público. Em troca, pagavam mensalmente propina aos integrantes da organização criminosa.
Na área cultural, a polícia constatou que empresários do setor de eventos festivos e culturais fraudavam licitações, também com a participação ativa de agentes públicos de Florianópolis.
Eles recebiam informações privilegiadas sobre as empresas concorrentes e orientações para fraudar o certame, com consequente apropriação de recursos públicos.
Na Câmara, ainda segundo as investigações, leis eram alteradas para beneficiar empresários, que pagavam altas quantias em dinheiro em troca do benefício.
A PF informou ter apreendido R$ 100 mil com três servidores municipais do Ipuf parados em blitz da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em setembro, em Vera Cruz (RS). Segundo o delegado, o dinheiro era propina paga por empresários do setor de lombadas eletrônicas.
Para o delegado, o valor desviado pelo grupo deve passar de R$ 30 milhões. "Esse valor é preliminar. É baseado em provas e contratos que já apreendemos. Mas as investigações continuam e esse valor deve aumentar."
REAÇÕES
O prefeito César Souza Júnior (PSD) disse que desconhecia o esquema fraudulento. "Se eu tivesse conhecimento, teria tomado providências antes da operação. Nós fomos surpreendidos."
Ele anunciou a abertura de processo administrativo disciplinar para punir os servidores envolvidos no esquema. Também prometeu auditoria interna nos contratos analisados pela polícia. "A prefeitura está ao lado da verdade e do trabalho isento e competente. Nós somos os maiores interessados em cada item da investigação", afirmou.
Cesar Júnior evitou falar sobre a suspeita contra os vereadores Marco Aurélio Espíndola e César Faria, ambos do seu partido, declarando que "não pode fazer pré-julgamentos".
A assessoria de Espíndola informou que o vereador não se pronunciaria.
Já a assessoria de César Faria destacou que o vereador não foi preso, mas apenas conduzido à Polícia Federal para depoimento. A reportagem não conseguiu o contato do advogado dele.
A Câmara, também por meio de sua assessoria, informou que só Faria, presidente da Casa, falará sobre o assunto. Até as 18h desta quarta, a entrevista não havia sido anunciada.
A reportagem também procurou os assessores do presidente da Fundação Cultural, mas não obteve resposta.
A prefeitura, responsável pelo Ipuf e pela Fundação Cultural, divulgou nota na qual afirma que "é a maior interessada no cabal esclarecimento de todas as denúncias e suspeitas contra quem quer que seja" e que está à disposição da polícia "para todos os esclarecimentos que se fizerem necessários".
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