Pagamentos a doleiro eram legais, diz executivo
Sócio da empresa Sanko Sider, Márcio Bonilho admitiu nesta quinta-feira (27) à CPI mista da Petrobras que pagou cerca de R$ 37 milhões ao doleiro Alberto Youssef e que tinha conhecimento acerca do repasse de valores a executivos da Camargo Corrêa.
O empresário contabiliza 12 negócios fechados com a ajuda de Youssef, segundo Bonilho, responsável por intermediar contatos entre a Sanko e empreiteiras –algumas acusadas de formar um cartel para participar das licitações da Petrobras.
Bonilho sustenta que os pagamentos são legais, já que Youssef viabilizava contatos e receberia comissões por acordos firmados com clientes apresentados por ele.
Pedro Ladeira - 27.nov.2014/Folhapress | ||
Administrador da Sanko Sider, Márcio Bonilho depõe na CPI da Petrobras sobre sua relação com o doleiro Alberto Youssef |
Ele disse à CPI ter participado de uma reunião em que dois executivos da Camargo Corrêa foram tomar satisfações sobre o montante que lhes caberia: "Eles me chamara e falaram: Parte da comissão era nossa, e gostaríamos que você esclarecesse o quanto você pagou", relatou.
Bonilho afirma que seus interlocutores atendiam por Eduardo Leite e Paulo Augusto, mas não detalhou se estava se referindo ao vice-presidente da construtora, Eduardo Leite, e ao diretor de Óleo e Gás, Paulo Augusto Santos Silva, citados nas investigações da Operação Lava Jato.
O empresário admitiu que seguiu fazendo negócios com Youssef mesmo após saber que se tratava de um doleiro.
Bonilho disse ter sido apresentado a ele como um empresário do ramo de turismo, mas com acesso ao alto escalão de grandes construtoras.
Depois de firmar a parceria com Youssef, foi informado sobre o passado do parceiro. "Não leio jornais policiais e não entrei no Google para checar. Passados uns meses, um amigo me perguntou se eu sabia quem era Youssef", justificou Bonilho.
O empresário disse que, na ocasião, recebeu o vídeo de uma reportagem sobre o doleiro. Argumentou que seus advogados o orientaram a se concentrar em fazer os pagamentos legalmente, registrando em notas fiscais. Com isso, não correria riscos.
O empresário diz que aceitou depositar os valores das comissões em contas das empresas de fachada de Youssef, mas que não sabia que elas eram usadas para essa finalidade.
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