PT pedirá a Dilma 'governo melhor' que o primeiro
A presidente Dilma Rousseff ouvirá do comando do PT um apelo para que realize a partir de 2015 um segundo mandato melhor do que o atual, tendo em vista sua eleição apertada, e uma defesa da necessidade de políticas mais à esquerda.
Reunidas em Fortaleza, diferentes correntes da sigla registraram essa recomendação em textos que servirão de base para a redação de um documento conjunto nesta sexta-feira (28). O partido faz hoje o encontro de seu diretório nacional.
Dilma participará da reunião à noite. Antes, a direção do partido discutirá as diferentes propostas apresentadas pelas correntes.
"PT terá de governar melhor do que já fez até agora", diz o documento apresentado pelo secretário-geral do PT, Geraldo Magela, encarregado da consolidação de uma resolução.
"O maior dos desafios é conseguir fazer um governo melhor do que fez nos três primeiros mandatos", acrescenta.
A preocupação está expressa também na carta apresentada pela tendência Articulação de Esquerda: "Não basta comemorar a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. É preciso tomar as medidas necessárias para que ela faça um segundo mandato superior ao atual", afirma.
As correntes defendem que partido e governo analisem o resultado das eleições, "o recado das urnas".
A Democracia Socialista prega ainda que o PT resista às investidas dos capitalistas para ditar "o rumo da macroeconomia".
"Será fundamental superar o grande limite dos nossos três governos: democratizar a economia e a sociedade (distribuição de renda + inclusão social) sem democratizar o Estado (reforma política, monopólios da mídia e seus enlaces no Estado com os partidos de direita e com o aparato de segurança, participação popular direta)".
As tendências também endossam a defesa das reformas mesmo que necessário um embate com a base aliada.
"Não será um movimento fácil, pois temos o PMDB na vice e com grande influência num Congresso Nacional ainda mais conservador do que em anteriores legislaturas. Mas é um movimento necessário, pois não haverá vitória sem mudança e não haverá mudança tendo o PMDB como aliado prioritário", diz a Articulação de Esquerda.
Os documentos citam ainda a corrupção, tema caro para o partido após o mensalão e as denúncias de fraudes na Petrobras. De acordo com os textos, porém, relacionar o PT à corrupção é "injusto".
"Saímos da situação de partido que mais tinha compromisso com o combate à corrupção para o partido mais identificado com a corrupção, e isso é injusto", diz o documento formulado por Magela.
REFORMA MINISTERIAL
Criticada pela escolha de Joaquim Levy, de perfil conservador, para o ministério da Fazenda, e de Kátia Abreu (PMDB-TO), representante do agronegócio, para a Agricultura, Dilma tem demonstrado que está disposta a refazer pontes com o partido.
Nesta quinta (27), participou de um evento sobre economia solidária a pedido de Gilberto Carvalho (Secretaria Geral).
Na quarta (26), recebeu o teólogo Leonardo Boff, que assinou manifesto divulgado nesta semana por intelectuais de esquerda que criticam a entrada de Levy e Kátia Abreu no governo.
O PT reconhece que, para abrir lugar no ministério para outros partidos que a apoiam no Congresso, a presidente terá que reduzir o espaço ocupado pelos petistas.
Mas Dilma já indicou que lideranças representativas de alas importantes do PT ficarão encarregadas da negociação das bandeiras do partido.
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