'Processo estava me enojando', diz o ex-diretor da Petrobras sobre propina
Na a acareação com o ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, nesta terça-feira (2), o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa afirmou à CPI mista da Petrobras que, em dado momento, passou a sentir nojo.
Durante o encontro, Costa falou sobre um e-mail enviado à Casa Civil, em 2009. A mensagem elencava questionamento feitos pelo TCU (Tribunal de Contas da União) a empreendimentos da estatal.
À época, Costa ocupava o alto escalão da empresa e a presidente Dilma Rousseff era ministra da Casa Civil, além de ocupar a presidência do conselho de administração da estatal.
À CPI Costa negou que o envio do e-mail foi motivado por interesses escusos ou porque pedia interferência do Executivo.
"Nessa época, eu já estava enojado. Aquele processo estava me enojando. (O objetivo) foi alertar que estávamos com problemas", justificou.
Costa disse ainda que havia sido orientado pela própria Casa Civil a comunicar o ministério sobre a situação das obras.
Acrescentou ainda que o então presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, tinha conhecimento da demanda.
PASADENA
Paulo Roberto Costa afirmou que a compra da refinaria de Pasadena foi responsabilidade do conselho de administração da Petrobras, do qual a atual presidente Dilma Rousseff era presidente.
Reforçando o que acabara de dizer Nestor Cerveró, Costa disse que a aquisição da refinaria constava no planejamento estratégico da companhia.
Esclareceu, porém, que a decisão final cabe ao colegiado da estatal: "A responsabilidade por comprar um ativo como aquele é 100% do conselho de administração. Eximi-lo é um erro", afirmou.
'EU SAÍ'
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) perguntou o que significava estar enojado, já que Paulo Roberto Costa era parte integrante do esquema de corrupção.
"Quando você está num processo desse, você entra e não tem como sair. É muito complicado. Eu saí, entreguei carta de demissão porque processo continuava", explicou.
Enquanto Paulo Roberto Costa surpreende, respondendo a perguntas dos parlamentares, Cerveró praticamente repetiu as versões que deu à CPI em setembro, quando prestou depoimento.
Disse que não tinha conhecimento da existência de cartel, superfaturamento e pagamento de propina dentro da estatal.
Voltou a afirmar que não chegou ao alto escalão por indicação política.
Ao falar sobre os custos de sua defesa, Cerveró confirmou que cabem à Petrobras. Argumentou que todos os diretores têm direito.
Segundo Cerveró, porém, como se trata de um seguro, caso condenado, o diretor é obrigado a ressarcir a companhia.
Nesse momento, os parlamentares perguntaram se Paulo Roberto Costa também recorreu ao benefício para bancar seus advogados.
"A defesa de Paulo Roberto Costa quem está pagando é Paulo Roberto Costa, com muito sacrifício", informou o ex-diretor, referindo-se a si próprio na terceira pessoa.
'DEZENAS'
Já com a sessão próxima do fim, o deputado Enio Bacci (PDT-RS), autor do requerimento que determinou a acareação, pediu a palavra.
Bacci disse que estava se despedindo, pois foi eleito deputado estadual e não deverá voltar à Brasília.
O deputado elogiou a decisão de Paulo Roberto Costa em falar à comissão e fez um pedido: "O senhor pode me dar a alegria de dizer quantos políticos foram citados na delação".
Costa, rindo, respondeu: "Algumas dezenas".
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