Cunha e Chinaglia oferecem obras e salário maior na disputa pela Câmara
Pedro Ladeira/Alan Marques/Folhapress |
Os deputados Eduardo Cunha (PMDB) e Arlindo Chinaglia (PT), candidatos à Presidência da Câmara |
Na reta final da briga pela presidência da Câmara, os deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) apresentaram como plataforma para conquistar votos um "pacote de bondades", com antigas reivindicações dos deputados que terão impacto nos cofres públicos.
Em comum, os dois candidatos prometem equiparar os salários dos congressistas e do Executivo ao dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), o que evitaria o desgaste de ter que discutir reajustes separados para cada Poder.
Há ainda a promessa de construir um novo prédio para abrigar novos gabinetes _ obra orçada em mais de R$ 400 milhões_ e a garantia de pagamento da verba destinada pelos parlamentares no orçamento principalmente para obras em seus redutos eleitorais, as chamadas emendas parlamentares.
Numa tentativa para se destacar do peemedebista, apontado como favorito na corrida, Chinaglia se compromete em reajustar a verba de gabinete, destinada ao pagamento de funcionários de gabinetes. Atualmente, cada um dos 513 deputados tem direito a R$ 78 mil para contratar até 25 servidores, sem concurso público.
VERBA INDENIZATÓRIA
Em outra frente, o petista se compromete a promover um ajuste na verba indenizatória, destinado a pagar despesas com a atividade parlamentar, como telefone, passagens, consultorias, divulgação, entre outras. Hoje, essa verba varia de R$ 27 mil a R$ 41 mil, dependendo do Estado do congressista. Ele promete "mudar a metodologia de compra de passagens aéreas para otimizar a utilização desses recursos".
Há ainda compromisso em manter a reforma de apartamentos funcionais. Para se descolar da imagem de candidato palaciano, o deputado afirma no material que trabalhará com independência.
"Precisamos da garantia de uma Câmara democrática, sem imposições externas ou até mesmo internas para desempenharmos o nosso papel, legitimadas pela vontade popular. Devemos usar a energia que brota de nossas convicções e, ao mesmo tempo, exercer o diálogo sereno, equilibrado e respeitoso entre os iguais".
Terceiro candidato na disputa, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) ainda finaliza uma carta compromisso que deve ser divulgada nos próximos dias.
PLANALTO
Reportagem da Folha desta terça-feira (20) mostra que parlamentares relataram que o governo federal tem oferecido cargos em troca do apoio a Chinaglia.
''Todos os dias recebo relato de deputados abordados por ministros do Palácio tentando fazê-los mudarem para a candidatura do Chinaglia. Abordados com todo tipo de proposta e de cobranças, incluindo ofertas de cargos, segundo me relatam'', afirmou Cunha.
Representantes de um recém-formado bloco de oito partidos nanicos, que somam 40 deputados, se reuniram na semana passada com o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais), responsável pela articulação política entre o governo e o Congresso
Deputados que fazem parte da coordenação desse bloco disseram à Folha, em entrevistas gravadas, que houve pedido de apoio a Chinaglia e oferta de cargos no governo federal e em administrações estaduais e municipais ligadas ao PT.
O ministro nega. "Esses parlamentares me perguntaram como o governo os enxergaria neste momento e eles perguntaram se poderiam fazer indicações para a composição do governo", relatou Vargas nesta terça, em um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.
De acordo com o ministro, ele respondeu aos deputados que eles teriam toda a legitimidade para fazer as indicações. "Isso faz parte. Mas o governo não está formando as indicações para segundo e terceiro escalão com base nesse critério. Não vai ser com base nisso que a gente vai definir", disse.
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