Pepe Vargas diz que governo fará mea-culpa sobre modo como trata o PMDB
O ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) afirmou nesta quarta (25) que o governo tem de fazer um "mea-culpa" sobre a maneira como trata o PMDB, e que os resultados positivos das gestões Lula e Dilma devem ser atribuídos não apenas ao PT, mas a toda base aliada.
O afago ao partido ocorre um dia depois de o vice-presidente, Michel Temer, que é peemedebista, avisar a presidente Dilma que, se a sigla não tiver mais espaço, sairá da base de apoio governista, como a Folha revelou.
"Acho que a gente tem que eventualmente até poder fazer um 'mea-culpa', se o PMDB está se sentido efetivamente assim, [e] tomar as medidas para que ele possa se sentir mais integrado na definição dessas questões. Encaramos isso com a mais absoluta normalidade e como uma tentativa do PMDB contribuir mais ainda", disse Vargas, um dos principais responsáveis justamente pela negociação política no governo.
Segundo ele, o aviso em tom de ultimato "é absolutamente legítimo" e "normal". "Ele quer dizer o quê? Nós estamos neste governo, fazemos parte desse governo e queremos partilhar mais, participar mais e contribuir mais na tomada de decisões do governo. Isso é muito positivo."
Vargas lembrou que "é importante dizer que os resultados que a gente tem nesses últimos anos, com a menor taxa de desemprego que a gente teve na história, com a valorização do salário mínimo, com a inclusão econômica e social como há décadas o Brasil não valorizava, isso não é produto só do Partido dos Trabalhadores". "Isso se deve à coalização que a gente teve ao longo desses anos, ao PMDB, ao PDT, ao PC do B, ao PTB, ao PR, ao PRB, a todos os partidos que estão na nossa base. É uma conquista de todos nós."
PETROBRAS
Questionado, o ministro negou acreditar que a nota de risco de investimento do Brasil possa ser contaminada pela queda da nota da Petrobras, anunciada na terça (24) pela agência Moody's.
"Nós não temos receio de que haja uma queda na avaliação de risco do Brasil porque nós entendemos que é perfeitamente viável cumprir a meta do [superavit] primário, que já foi anunciado, de 1,2% do PIB".
Falando sobre as medidas provisórias editadas por Dilma para fazer um ajuste fiscal, afirmou: "Essas medidas que nós estamos discutindo não têm um grande impacto nesse primário de curto prazo. Elas são medidas mais no sentido de garantir a sustentabilidade ao longo do tempo desses benefícios, do FAT, do FGTS". Vargas repetiu o argumento de que o governo não vai tirar esses benefícios.
Sobre a tramitação das MPs, ele disse haver hoje "um consenso entre parlamentares de que eventuais brechas na legislação que permitem comportamentos, digamos assim, oportunistas, embora a legislação" têm que ser corrigidas.
Ele repetiu no entanto que o governo ainda não está negociando pontos específicos das MPs.
"Não estamos ainda num processo de negociações de alternativas. Por enquanto são reuniões que expressam preocupações, perguntas, questionamentos, e não exatamente construção de alternativas ou sequer formatação de propostas", afirmou.
"Existe, é verdade, um conjunto de emendas que foram apresentadas e que estão sob análise. Não há uma posição do governo [sobre as emendas]."
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