Família Queiroz Galvão mantinha empresas em paraísos fiscais, diz blog
Membros da família Queiroz Galvão que mantinham contas bancárias secretas no HSBC de Genebra, na Suíça, usavam empresas em paraísos fiscais para administrar o dinheiro.
As offshores usadas são a Fipar Assets Ltd., a Montitown United Ltd. e a Melistar Management Inc. e ficam em Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas, território ultramarino do Reino Unido no Caribe. As informações foram divulgadas pelo blog do jornalista Fernando Rodrigues, no UOL.
De acordo com o levantamento de Rodrigues, pelo menos 9 dos 11 integrantes da família Queiroz Galvão –eles comandam as empreiteiras Galvão Engenharia e Queiroz Galvão, investigadas pela Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras– mantiveram contas numeradas no exterior. O registro refere-se a 2006 e 2007 (ou a contas já fechadas, mas que ainda constavam no arquivo do banco à época).
O Ministério Público Federal informou na semana passada que irá investigar a suspeita de evasão fiscal envolvendo o HSBC na Suíça. O caso ficou conhecido como "Swissleaks".
O escândalo veio à tona após uma associação internacional de jornalistas divulgar documentos sobre contas secretas mantidas no país europeu pelo banco. As informações apontam que a companhia ajudou clientes a esconder bilhões de dólares em ativos, entre eles de clientes brasileiros.
A Receita Federal também já anunciou que irá apurar as operações realizadas por brasileiros em contas secretas mantidas pelo banco na Suíça. Em nota, informou que teve acesso a parte da lista. Segundo o blog de Rodrigues, do Brasil são 6.606 contas bancárias (que atendem a 8.667 clientes) e um valor movimentado entre 2006 e 2007 equivalente a cerca de R$ 20 bilhões.
A Galvão Engenharia, por meio do advogado da família, disse ao blog não ter nada a declarar.
Em nota, a Queiroz Galvão afirma que "todo o patrimônio dos seus acionistas porventura existente no exterior sempre se submeteu aos registros cabíveis perante as autoridades competentes".
LAVA JATO
Dario de Queiroz Galvão Filho e Eduardo de Queiroz Galvão, respectivamente presidente e conselheiro de administração do Grupo Galvão, são réus na Lava Jato e aparecem como correntistas do HSBC no exterior.
Há pelo menos outras nove pessoas ligadas com o escândalo de corrupção na Petrobras que mantiveram contas na Suíça entre 2006 e 2007. O saldo desses 11 nas contas era de US$ 110,5 milhões.
Entre os envolvidos na Lava Jato, Julio Faerman é quem manteve o maior montante no HSBC suíço: US$ 20,8 milhões. Ele é apontado como intermediador de propinas.
O ex-gerente da Petrobras e delator Pedro Barusco guardou US$ 1,9 milhão na instituição. Em depoimento, Barusco já havia revelado que mantinha contas no exterior e que 90% do total de propinas recebidas por ele -algo entre R$ 40 mi e R$ 50 mi- havia sido enviada para bancos fora do Brasil.
Também o doleiro Raul Henrique Srour, suspeito de integrar o grupo do doleiro Alberto Youssef, tem o nome na lista de correntistas do HSBC -porém, nenhum montante está registrado em sua conta.
Ao blog de Fernando Rodrigues, todos os citados na lista do HSBC suíço negaram os fatos ou preferiram não se pronunciar. Não houve resposta do advogado de Julio Faerman.
Os nomes de 31 sócios, diretores e parentes de donos de empresas de ônibus do Rio também estão na lista.
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