Será difícil para o governo tirar o Brasil do atoleiro, diz 'The Economist'
A revista britânica "The Economist" afirmou em editorial que a economia brasileira está "uma bagunça" e que será difícil para o governo tirar o país do "atoleiro". O desafio, de acordo com a publicação, é o maior desde o início dos anos 1990.
Segundo a revista, o Brasil entrou em estagnação em 2013 -ano em que o PIB (Produto Interno Bruto) avançou 2,3%- e, agora, caminha para entrar em uma forte recessão, com inflação alta apertando salários e comprometendo o pagamento de dívidas. O investimento, diz, pode cair mais (está 8% abaixo de um ano atrás).
O editorial está na capa da edição de 28 de fevereiro direcionada à América Latina.
O escândalo de corrupção na Petrobras também é citado. A publicação afirma que as grandes construtoras manterão seus investimentos paralisados, pelo menos enquanto durarem as investigações.
A revista britânica diz ainda que a base de apoio da presidente está se desintegrando e lembra a última pesquisa Datafolha, apontando que a popularidade de Dilma caiu de 42% em dezembro para 23% em fevereiro, atingida "tanto pela deterioração da economia quanto pelo escândalo na Petrobras".
O editorial aponta que, em grande parte, os problemas do Brasil foram criados pelo próprio governo, devido à política econômica adotada no primeiro mandato, com frouxidão e manobras fiscais e medidas que minaram a competitividade da indústria.
JOAQUIM LEVY
Por outro lado, diz que a presidente, em seu novo mandato, reconheceu que o país precisa ser mais amigável aos negócios, o que a levou a colocar Joaquim Ley, um economista liberal treinado na escola de Chicago, como ministro da Fazenda.
Para colocar a economia em ordem, porém, Levy tem de lidar com a "armadilha da recessão": aperto fiscal pela retirada do subsídio à eletricidade e volta da Cide (tributo incidente sobre os combustíveis), além da redução de empréstimos subsidiados pelo BNDES a setores e empresas determinados.
"Os riscos são claros. Recessão e redução das receitas fiscais pode comprometer o ajuste", diz a britânica "The Economist", afirmando que qualquer retrocesso pode causar um rebaixamento na nota de risco de crédito do país, o que elevaria o custo de empréstimos para governo e empresas.
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