Caso muda rotina no gabinete do recluso ministro Zavascki
Avesso ao contato com jornalistas, o ministro Teori Zavascki, relator no STF (Supremo Tribunal Federal) dos casos relativos à Operação Lava Jato, também adotou um comportamento reservado na relação com advogados.
As audiências com defensores em seu gabinete, sempre no fim do expediente das sextas-feiras, devem ser marcadas com antecedência e não são divulgadas no site do STF.
Embora não exista determinação expressa no STF, colegas de Teori, como Dias Toffoli, Rosa Weber e Cármen Lúcia, além do presidente, Ricardo Lewandowski, divulgam seus compromissos.
Como a agenda de Teori não é divulgada, não é possível saber se advogados que atuam na Lava Jato têm se encontrado com o ministro.
Pedro Ladeira - 27.fev.2014/Folhapress | ||
O ministro Teori Zavascki (em primeiro plano) e procurador-geral da República, Rodrigo Janot |
Por meio da assessoria de imprensa do STF, o gabinete disse que só divulgaria os compromissos se os advogados concordassem. Defensores, porém, se mostraram reticentes em falar sobre o teor de suas conversas com Teori.
Durante quatro tardes, a Folha acompanhou o atendimento ao público no gabinete de Teori, no terceiro andar do Anexo II do STF.
A rotina no corredor que dá acesso ao gabinete viveu um clima de tranquilidade, ao som de Djavan e Guns N' Roses que não param de tocar, em baixo volume, no sistema de alto-falantes do tribunal.
Na quinta (5), uma advogada do senador Fernando Collor (PTB-AL) tentou ter acesso ao inquérito aberto na Lava Jato. Como o processo estava com Teori, ela não conseguiu acesso.
No mesmo dia, um advogado do escritório de Nilo Batista, do Rio, peticionou para ter acesso a outro inquérito, mas preferiu não dizer qual era.
O dia de maior trabalho foi a quinta, véspera da divulgação da decisão sobre abertura de inquéritos contra parlamentares, a pedido da Procuradoria. Servidores e o juiz federal Márcio Schiefler Fontes, que auxilia Teori, passaram boa parte da noite analisando petições.
Na sexta, quando sairia a lista de parlamentares sob investigação, o STF, pela primeira vez, determinou que dois seguranças permanecessem perto do gabinete de Teori.
RODRIGO JANOT
Há pouca transparência na agenda aproxima Teori do procurador-geral, Rodrigo Janot. Ao longo de quatro meses, a Folha solicitou, por meio da Lei de Acesso, a agenda de Janot de agosto a novembro de 2014. Não houve resposta mesmo após o prazo máximo legal de 30 dias.
Só na quinta (5) a assessoria atendeu parcialmente ao pedido, com a agenda de novembro ao início de março.
Segundo a agenda divulgada, Janot manteve só duas audiências durante quase 120 dias. Uma com o procurador-geral do Paraguai, outra com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), que já havia sido revelada pela imprensa.
O restante da agenda é repleto de "compromissos internos", que não indicam os interlocutores nem os objetos das audiências realizadas.
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