Planalto procura Renan e Cunha para manter veto à correção do IR
Na tentativa de evitar a derrubada do veto à correção de 6,5% na tabela do Imposto de Renda, o governo federal deflagrou nesta segunda (9) operação para tentar restabelecer o diálogo com os presidentes da Câmara, do Senado e com a sua própria base aliada no Congresso.
Em jantar no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff pediu o apoio do PT às medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo federal, assim como defendeu maior diálogo com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidentes da Câmara e do Senado.
O encontro reuniu líderes e ministros petistas, que negociam enviar ao Congresso uma proposta alternativa à correção de 6,5% vetada por Dilma. A presidente defendia uma correção na faixa de 4,5% durante a campanha eleitoral e havia prometido vetar valores acima desse percentual por considerar que o governo não pode abrir mão de sua arrecadação em meio à crise econômica.
Líderes petistas iniciaram a conversa com Renan e Cunha, especialmente com o presidente do Senado, para tentar demovê-lo da ideia de derrubada do veto. Renan prometeu colocar o veto em votação depois que seu nome foi incluído na lista da Procuradoria Geral da República entre os políticos investigados na Operação Lava Jato.
A derrubada do veto seria um recado do PMDB à presidente, já que os presidentes das duas Casas estão entre os citados na lista elaborada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Além da insatisfação do PMDB, deputados e senadores do próprio PT se colocaram contrários às medidas de ajuste fiscal e ao veto à correção do Imposto de Renda, cenário que preocupa o Palácio do Planalto.
Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) disse que o governo reabriu o diálogo com os presidentes das duas Casas, mas nega que haja crise. "Estamos em processo de discussão com os presidentes das duas Casas, principalmente do Senado, e nós estamos dialogando. () Não tem [clima de confronto]. É diálogo, diálogo, diálogo. Conversar, recompor a base e votarmos o ajuste. O Brasil precisa do ajuste, negociando com as duas Casas, para o bem do Brasil", afirmou.
Guimarães disse ser "fundamental" ao PT neste momento apoiar as medidas de ajuste deflagradas pelo governo. "A minha opinião como líder do governo é que, nessa hora, é fundamental o PT apoiar o governo em todas as dimensões. Claro, dialogando com a Casa."
O ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) também sinalizou nesta segunda que o governo deve encaminhar ao Congresso uma nova proposta com o reajuste na tabela do Imposto de Renda, como forma de evitar a derrubada do veto. Aliados do Planalto dão como certa a derrubada do veto, o que provocaria um desgaste para Dilma. Os líderes governistas mantém em sigilo qual seria o novo valor da correção, entre os 4,5% idealizados pelo Planalto e os 6,5% defendidos pelo Congresso.
O Planalto teme que os congressistas mantenham a correção de 6,5% na tabela do Imposto de Renda, com impacto nas contas públicas de R$ 7,9 bilhões em 2015. A petista, no entanto, vem adiando desde fevereiro o envio de uma nova proposta ao Congresso se comprometendo com a atualização.
O governo espera que, com a entrada do vice-presidente Michel Temer na articulação política, o PMDB recue nas ameaças de retaliação. O Planalto quer testar o prestígio do vice em seu partido.
Além do Imposto de Renda, há ameaça de derrubada de vetos de Dilma que afetam diretamente o caixa do governo, como o que rejeitou a redução para 6% das alíquotas da contribuição previdenciária tanto para patrões como para empregados domésticos. A medida reduz a arrecadação do governo em cerca de R$ 600 milhões por ano.
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