Feliciano recua de acordo para Comissão de Direitos Humanos
Pressionado por integrantes da bancada evangélica, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) recuou nesta quarta-feira (11) e disse que não fechou acordo com petistas para a eleição da Comissão de Direitos Humanos na Câmara.
Na tarde desta quarta, Feliciano e deputados petistas ensaiaram um entendimento para a presidência e vice-presidências. O acerto discutido era que ele ficaria com uma vice-presidência e outra seria entregue a seu adversário político, Jean Wyllys (PSOL-RJ). A costura tentava viabilizar a eleição do petista Paulo Pimenta (RS) para a presidência da Comissão.
As tratativas para colocar Jean Wyllys irritou e provocou parte da bancada evangélica, que cobrou Feliciano.
O pastor acabou divulgando uma nota negando um acerto. "O PT através de alguns interlocutores tentou sem sucesso um acordo. Ventilaram meu nome e o nome de outro parlamentar, perguntaram o que eu pensava e minha resposta foi: de minha parte não haveria problema algum", disse. "Não há acordo algum assumido pela Frente Evangélica", completou.
A jornalistas, Feliciano havia comemorado o entendimento. Segundo ele, a trégua indicava que havia diálogo no Congresso.
Feliciano foi responsável pela maior crise envolvendo a comissão, quando assumiu a presidência em 2013. Por quase três meses a Câmara enfrentou protestos de representantes de movimentos negros, gays, feministas contra o pastor evangélico que protagonizou falas polêmicas contra esses grupos. Ele sempre negou qualquer ato de discriminação.
Mesmo com a pressão, o deputado permaneceu na presidência e até comandou a aprovação da chamada cura gay, proposta que permitia a psicólogos oferecerem tratamento a homossexualidade, que acabou arquivada após ser alvo de duras críticas nas manifestações de junho de 2013.
A tentativa de acordo estava sendo costurado por deputados do PT, PSB e PR, com integrantes da bancada evangélica.
Como os religiosos são maioria na comissão, o petista corre o risco de não ser eleito por falta de votos suficientes ou enfrentar manobras regimentais para adiar sua eleição.
Pelo acordo de líderes que dividiu o comando das comissões da Casa entre os partidos, caberia a um petista a de Direitos Humanos. Os deputados religiosos, no entanto, defendiam quebrar o acordo e retomar o comando da comissão.
A bancada chegou a articular a candidatura do deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), aliado do pastor Silas Malafaia e pastor da Assembleia de Deus. O PSD para evitar a quebra de acordo, tirou Cavalcante da titularidade da comissão e passou para a suplência, o que o impedia de disputar a presidência com uma candidatura avulsa.
Nos últimos dias, Cavalcante chegou a negociar uma vaga com o PR para tentar concorrer ao comando, mas a liderança do partido barrou. São os líderes os responsáveis pela indicação dos integrantes das comissões.
Cavalcante até contratou modelos para distribuir nas entrada do Congresso nesta quarta um panfleto defendendo seu direito de disputar o cargo. "Não consegui nada", afirmou Calvacante.
Para evitar uma derrota, os petistas procuraram os evangélicos para negociar as vice-presidências.
A eleição dos cargos está marcada para esta quinta (12).
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