Parlamentar investigado presidirá comissão do Senado e diz ser 'inocente'
Incluído na lista de políticos investigados por corrupção na Petrobras, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) vai presidir a CAS (Comissão de Assuntos Sociais) do Senado pelos próximos dois anos. O nome de Lobão, ex-ministro de Minas e Energia do governo Dilma Rousseff, será indicado pelo PMDB para a comissão, já que, na divisão dos cargos de comando das comissões, o controle da CAS cabe ao PMDB –maior partido do Senado.
Inicialmente, o nome de Lobão era cotado para presidir a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a mais importante do Senado. O líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), optou por indicar o peemedebista à CAS.
Lobão subiu à tribuna da Casa nesta quinta (12) para negar envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras. O nome do ex-ministro foi citado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa como responsável por pedir ao doleiro Alberto Youssef R$ 2 milhões para a campanha da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) em 2010.
O ex-diretor também acusa Lobão de ter pedido R$ 1 milhão para Youssef dois anos antes, em 2008, também para a campanha de Roseana. Lobão disse que nunca viu o doleiro, nem o conhece, e que manteve com os diretores da Petrobras apenas "relações institucionais" no período em que esteve no ministério.
Sergio Lima - 11.dez.2014/Folhapress | ||
O senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia |
"Como ministro de Minas e Energia, sempre mantive com dirigentes da Petrobras relacionamento exclusivamente institucional. Como nunca integrei o Conselho de Administração daquela empresa, impedido que estava pela Constituição, não participava de seus negócios", afirmou.
Lobão disse que também não tem responsabilidade sobre a indicação de Paulo Roberto para a diretoria de Abastecimento da Petrobras, uma vez que só se filiou ao PMDB em 2007 –um ano depois do diretor ocupar o cargo. O senador era do extingo PFL antes de se filiar ao PMDB. O ex-ministro disse que conheceu Paulo Roberto em 2008, quando foi nomeado ministro de Minas e Energia.
"Não tomei parte na escolha de nenhum dos integrantes da diretoria da Petrobras. Nenhum foi nomeado por mim, ou indicado por mim. Um dos delatores teria dito que, como integrante da cúpula do PMDB, eu apoiei a manutenção do senhor Paulo Roberto Costa na diretoria da empresa. É mentira. Em 2006, eu sequer era filiado ao PMDB."
Sobre o pedido de recursos para a campanha de Roseana, Lobão disse que essa versão foi desmentida por Youssef em sua delação premiada. "Ele informa que sequer me conhece e jamais intermediou nada a meu pedido ou em meu benefício. Eu jamais o vi na vida. É preocupante o instituto da delação premiada", atacou o senador.
O ex-ministro falou para um plenário esvaziado, com poucos senadores presentes. Recebeu apoio apenas do senador Paulo Paim (PT-RS), que presidia a sessão no momento. Líderes do PMDB, partido de Lobão, não acompanharam seu discurso.
ACUSAÇÃO
Além do supostos pedidos de repasse de recursos para a campanha de Roseana, um dos executivos da empreiteira Camargo Corrêa que passou a colaborar com as investigações da Operação Lava Jato disse a procuradores que o senador pediu e recebeu cerca de R$ 10 milhões de propina da empresa em 2011, quando ela foi contratada para participar da construção da usina de Belo Monte.
À época, Lobão era ministro das Minas e Energia. O nome do então ministro já havia sido citado nas delações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef.
O advogado do ex-ministro, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que "palavra de delator tem credibilidade zero" e que irá esperar as provas.
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