Nelson de Sá: Com 'gente pra caramba', cobertura de protestos abre guerra de números
Abrindo a noite na GloboNews, ainda com as manifestações em transmissão ao vivo, a comentarista Cristiana Lôbo avisou sobre a disputa que logo se instalaria –com a "comparação" de público entre a mobilização desta sexta-feira (13) e aquela convocada para domingo (15).
O conflito instalou-se de imediato, no próprio canal de notícias. A âncora Leilane Neubarth se impressionou com a quantidade de gente em São Paulo: "Realmente, o pessoal aí encarando a chuva". Mas o repórter deu uma estimativa só, da PM de Geraldo Alckmin, de que seriam 9 mil manifestantes.
Também no "Brasil Urgente", da Rede Bandeirantes, José Luiz Datena narrava: "Mesmo com muita chuva em São Paulo, muita gente na Paulista. Deixa na tela grande. Muita gente pedindo a manutenção das instituições".
Encerrou o programa com imagens ao vivo de um "churrasquinho da CUT" e dizendo: "Nossa, mas dá uma vontade de comer um espetinho desses... A manifestação teve gente pra caramba".
Segundos depois, a escalada do "Jornal da Band" abriu com avaliação oposta: "Manifestação de sindicalistas e movimentos sociais em 23 Estados têm baixa adesão popular. Em São Paulo, o protesto reuniu 12 mil".
Era um novo número da PM, que a Band, assim como o SBT depois, assumiu como fato, sem citar a origem. Já o "Jornal Nacional" creditou os 12 mil à PM e citou também os 100 mil da CUT.
Via Facebook e outras redes sociais, o coletivo Mídia Ninja estimou que "o ato em defesa da Petrobras e da Democracia reuniu mais de 50 mil pessoas que marcharam da avenida Paulista até o fim da Consolação".
Se houve conflito nos números, não houve quanto ao fato de terem sido atos "pacíficos", expressão usada por quase toda a cobertura. Uma paz que, segundo comentaristas de TV, serviu de alívio para a presidente.
Na manchete institucional lida por William Bonner, no "JN": "13 de março de 2015: 24 capitais e várias cidades têm manifestações pacíficas convocadas pela CUT, pelo MST e pela UNE... Faixas, bandeiras e discursos manifestaram apoio à presidente Dilma Rousseff".
Dilma que ganhou outro alívio em sua conversa com o vice-presidente americano –e no post da Casa Branca, dizendo que ele "enfatizou o compromisso do presidente Obama em trabalhar com a presidente Rousseff".
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