Nelson de Sá: Na TV, 'Fora Dilma' ganha ares de diretas-já e Parada Gay
Até pouco depois de meio-dia, os protestos no Rio, em Brasília, por capitais do Nordeste e cidades do interior de São Paulo já impressionavam, na transmissão da GloboNews e nas entradas da Globo e da Band.
Eram dezenas de milhares nas ruas, em estimativas de organizadores e polícias militares, repetidos automaticamente pelos repórteres.
E locutores e comentaristas se constrangiam com as várias faixas, sobretudo no Rio, pedindo "Intervenção militar já". Avisavam que "é inconstitucional". No canal de notícias, chegou-se a afirmar, que "o Fora Dilma, se você for analisar, também não é procedente".
Números e comentários, porém, deixaram de importar com a explosão do protesto na avenida Paulista, em São Paulo, que havia sido marcado para 14h ou 15h –a cobertura de TV e rádio alternava os dois horários.
A PM-SP, em duas horas, ecoando imediatamente nas entradas da Globo, saltou de 9 mil para 200 mil, depois 240 mil, batendo em 580 mil logo depois das 15h –e 1 milhão às 15h45.
Como nas diretas-já –de cobertura muito diferente na Globo–, as estimativas cresceram descontroladamente porque as imagens, no fundo, se bastavam por si mesmas. Na Globo, assim, para além de qualquer número, "quase toda a Paulista está tomada, nos dois sentidos".
Via Twitter, um editor da BBC achou outro paralelo para as proporções alcançadas pela manifestação na "Gay Pride", a Parada Gay.
E até a Record, mais próxima do governo, acabou entrando na cobertura ao vivo, ainda que procurando dizer que era um protesto contra "toda a classe política", que a corrupção é geral etc.
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