Pedro Corrêa pediu dinheiro a Youssef e visitava seu escritório, diz PF
Documentos obtidos pela Polícia Federal apontam que o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) pediu dinheiro ao doleiro Alberto Youssef por e-mail, visitou ao menos 23 vezes os escritórios do doleiro e tinha movimentação financeira incompatível com seus rendimentos.
Corrêa já havia sido condenado no mensalão e, segundo as informações da PF, continuou recebendo dinheiro de Youssef mesmo quando já tinha se tornado réu no escândalo. Ele atualmente cumpria pena em regime semiaberto por causa do mensalão, mas agora foi transferido para a carceragem da PF em Curitiba.
Para o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que decretou a prisão preventiva do ex-deputado nesta sexta-feira (10) na 11ª fase da Operação Lava Jato, as provas mostram que Corrêa usou seu mandato "para enriquecer ilicitamente em detrimento dos cofres públicos" e que usou também "sua posição no Partido Progressista para o mesmo objetivo".
Também foram presos os ex-deputados Luiz Argôlo (SD-BA) e André Vargas (ex-PT-PR, hoje sem partido).
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Os ex-deputados André Vargas (sem partido), Luiz Argolo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE) |
Ao deferir a prisão preventiva, Moro também determinou o bloqueio dos bens de Corrêa.
Outra informação obtida pela PF é que, de 2010 a 2014, um empregado rural de Corrêa recebeu mais de R$ 700 mil, sendo que sequer apresentou declaração de Imposto de Renda nesse período. Os depósitos para ele eram seguidos de saques no mesmo dia.
O doleiro já havia afirmado em sua delação premiada que fazia pagamentos periódicos a parlamentares do PP, com recursos oriundos do esquema de corrupção na Petrobras, da diretoria de Paulo Roberto Costa. Corrêa havia sido um dos citados.
A Polícia Federal obteve um e-mail enviado por Corrêa a Youssef no qual ele informa uma relação de contas bancárias dele próprio e de pessoas ligadas a ele com os valores para depósitos, que posteriormente se confirmaram.
Um laudo feito pelos investigadores detectou incompatibilidade entre a movimentação financeira do ex-deputado e seus rendimentos. Entre 2010 e 2014, segundo a PF, ele obteve cerca de R$ 3,3 milhões. "Para 2012, por exemplo, houve créditos de R$ 952.182,97 para rendimentos declarados de R$ 372.969,85", cita o juiz Sérgio Moro em seu despacho.
Os registros de entrada dos escritórios de Youssef registraram 19 acessos de Corrêa entre outubro de 2011 a setembro de 2012 em um dos endereços e outros 4 acessos entre fevereiro de 2013 e agosto de 2013 a um segundo endereço do doleiro.
"A explicação provável é a de que essas constantes visitas serviam para recebimento de pagamentos em espécie, daí a dificuldade provar documentalmente todas as operações", afirma Sérgio Moro.
A Folha ainda não obteve contato com o advogado de Corrêa.
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