Desvios na Petrobras atingiam outras diretorias, afirma Costa
Delator da Operação Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou nesta terça-feira (28) que os desvios em obras da estatal também atingiam outras áreas e diretorias da empresa, como a de Exploração e Produção.
"Com certeza absoluta, [havia comissionamento] dentro da área de Exploração e Produção, que era o maior investimento da Petrobras", afirmou Costa.
A declaração foi feita na manhã desta terça (28), durante audiência na Justiça Federal no Paraná, que conduz os julgamentos do caso.
A diretoria de Exploração e Produção não foi alvo de nenhuma das operações e denúncias da Lava Jato até agora. Por enquanto, foram investigadas as diretorias de Abastecimento, Serviços (comandada pelo ex-diretor Renato Duque) e Internacional (do ex-diretor Nestor Cerveró).
Costa ponderou que não sabe se os diretores da área tinham conhecimento ou participavam dos desvios. Segundo ele, quem conduzia todos os processos licitatórios da Petrobras era a área de Serviços, então comandada por Duque, e a diretoria de Abastecimento era apenas "a ponta do iceberg".
"Os grandes valores de desvios na Petrobras não foram na área de Abastecimento. Os grandes valores, os grandes orçamentos, eram na área de Exploração e Produção, que era a construção de plataformas, perfuração", afirmou.
Costa, que cumpre prisão domiciliar após ter feito acordo de delação, também afirmou que o dinheiro encontrado em suas contas na Suíça foi depositado pela empreiteira Odebrecht –que ainda não responde a ações da Lava Jato.
A empresa sempre negou que tenha participado de desvios na Petrobras.
Para o advogado de Costa, João Mestieri, o desfecho do processo tem sido uma "redenção" para seu cliente e para a Petrobras. "Estamos chegando a uma conclusão séria, bem apurada."
PROCESSO
Este foi o primeiro interrogatório de réus das ações que investigam as empreiteiras pelos desvios na Petrobras –originários da sétima fase da Lava Jato.
Costa foi interrogado pelos cinco processos em que é réu. Também foi ouvido o réu Waldomiro Oliveira, acusado de ser laranja do doleiro Alberto Youssef.
Oliveira, que na semana passada foi condenado em um outro processo da Lava Jato, voltou a reforçar sua defesa. Ele, que é dono de empresas usadas por Youssef para emitir notas em nome das empreiteiras, afirmou que não tinha conhecimento do esquema, mas apenas cumpria ordens do doleiro.
Seu advogado, Jeffrey Chiquini, diz que a responsabilidade pela emissão das notas não era de Oliveira, mas do contador das empresas, Antônio Almeida Silva –absolvido no mesmo processo em que Oliveira foi condenado.
"A participação do Waldomiro era ínfima, de menor importância", diz Chiquini.
Nesta quarta (29), será interrogado o doleiro Alberto Youssef. Na próxima semana, começam as audiências dos empreiteiros e demais réus.
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