Um ano após renúncia ao Senado, Justiça intima réu no mensalão tucano
Marcelo Camargo - 24.dez.2013/Folhapress | ||
O ex-senador Clésio Andrade (PMDB-MG), intimado a depor à Justiça no caso do mensalão tucano |
Quase um ano após renunciar ao mandato, o ex-senador e réu no mensalão tucano Clésio Andrade (PMDB-MG) foi intimado para prestar depoimentos à Justiça mineira, onde o processo tramita depois que ele perdeu o foro privilegiado.
A audiência foi marcada pela juíza Melissa Pinheiro Costa Lage, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, para o dia 7 de julho. Além dele, serão ouvidas as testemunhas de defesa.
Segundo o Ministério Público, o mensalão tucano foi um esquema de desvio de dinheiro público do governo de Minas para a fracassada campanha do então governador Eduardo Azeredo (PSDB) à reeleição, em 1998.
Azeredo, que depois se elegeu senador e deputado e hoje é diretor-executivo da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais), sempre negou as denúncias, assim como os demais réus.
Clésio foi o candidato a vice de Azeredo e mantinha sociedade na empresa de publicidade de Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach –condenados pelo mensalão petista–, acusada de lavar o dinheiro desviado.
Atualmente, ele é presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte).
O caso começou a ser investigado em 2005, e a Procuradoria apresentou denúncia à Justiça em 2007.
Alegando problemas de saúde, Clésio renunciou em 15 de julho de 2014. Assim, o processo saiu do STF (Supremo Tribunal Federal) e voltou à 1ª instância, que estava sem juiz titular até o início de abril.
A tramitação registrada pela Justiça mineira diz que os autos só chegaram à atual magistrada na última quinta-feira (28). As testemunhas de acusação já foram ouvidas pelo Supremo.
Quanto maior a demora, maior é o risco de que os crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República prescrevam e fiquem impunes. Dois réus no mensalão tucano já foram beneficiados pela prescrição por terem completado 70 anos, quando o prazo é reduzido pela metade: Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro e então vice de Azeredo, e Claudio Mourão, então tesoureiro da campanha do PSDB.
Procurada, a defesa de Clésio disse que ele já foi informado do interrogatório e tem "todo o interesse" em prestar esclarecimentos à Justiça.
"Essa acusação é um equívoco. Ele [Clésio] saiu da sociedade [com Valério] muito antes desses fatos [apontados pela Procuradoria]", disse o advogado Eugênio Pacelli de Oliveira, que representa o ex-senador.
EM ANÁLISE
Em fevereiro do ano passado, Azeredo já havia renunciado ao cargo de deputado federal para que o caso voltasse à primeira instância –o que permite a ele uma quantidade maior de recursos.
Seu processo já chegou instruído pelo STF. Ou seja, não precisa ouvir réu, acusação e testemunhas e aguarda apenas uma decisão da Justiça.
Em nota, a juíza Melissa Lage afirmou que "já iniciou a análise" dos 52 volumes do processo e, assim que finalizar essa etapa, deve sentenciá-lo.
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