Presidente da Andrade não esperava ser preso
Zanone Fraissat - 19.ago.2013/Folhapress | ||
O empresário Otávio Marques de Azevedo, durante jantar em homenagem ao prefeito Eduardo Paes |
O presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, 63, nunca viu motivos para sua prisão. Dizia que a construtora estava fora do esquema de corrupção na Petrobras e que não podia ser acusado só por ter vendido uma lancha de R$ 1,5 milhão ao lobista Fernando Baiano, preso pela Lava Jato.
Eram 5h30 desta sexta-feira (19) quando as viaturas da PF chegaram ao prédio onde o executivo mora com a mulher, na Vila Nova Conceição. Imediatamente ligou para o diretor jurídico da empresa Luiz Otávio Mourão.
Nos últimos meses, a ausência de Azevedo foi notada por condôminos e a especulação sobre uma fuga para o exterior cresceu.
Mas Azevedo não tinha fugido. Continuava cumprindo sua agenda até o momento da prisão. Nos últimos meses, circulou entre investidores na Europa, onde negociava uma saída para a endividada Oi, que tem a Andrade como sócia.
RELAÇÃO COM GOVERNO
Braço direito de Sérgio Andrade, controlador da Andrade Gutierrez, Azevedo assumiu a presidência do grupo mineiro em 2007. É um dos executivos com mais trânsito no governo –experiência acumulada desde a década de 1970 quando foi presidente da Cemig e da Telebrás.
Participou das primeiras discussões sobre a privatização da telefonia. Em 1998, quando o leilão ocorreu, ele era presidente da AG Telecom, braço de telefonia do grupo que adquiriu a Telemar, embrião da Oi. A ideia era diversificar os investimentos até então concentrados na empreiteira.
Hoje, a situação se inverteu e Azevedo tentava uma solução para a fusão da Oi com a TIM que permitisse a saída da AG Telecom da operadora para focar investimentos na construção.
Para isso, ele buscava a simpatia do BNDES, da CVM, e dos fundos de pensão.
Não conseguiu apoio da presidente Dilma, entre outros motivos, segundo a Folha apurou, por um deslize. O executivo enviou a amigos uma foto de sua irmã com a presidente quando ambas eram colegas de escola. Ao saber, Dilma ficou furiosa. Para ela, o executivo tentou mostrar uma proximidade que não existia.
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