Cunha, governistas e oposição criticam possibilidade de aumento do IR
A manifestação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de que o governoestuda elevar o Imposto de Renda com o objetivo de aumentar a arrecadação foi criticada nesta terça-feira (8) pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por toda a oposição e até por líderes de bancadas governistas.
Cunha disse ser radicalmente contra a proposta, reafirmando posição refratária a aumento de tributação. "A solução se dá pela via do corte de despesas, sou radicalmente contra aumento de imposto de qualquer natureza", disse o peemedebista.
Ele afirmou também, porém, que se o governo enviar a medida ela será colocada em votação.
Líder da bancada do PSD do ministro Gilberto Kassab (Cidades), o deputado Rogério Rosso (DF) disse que se o governo enviar proposta nessa linha deverá ser derrotado. "O brasileiro já trabalha quatro meses para pagar imposto, querem agora que trabalhe meio ano? Aí fica difícil defender o governo".
A oposição saiu em coro contra a possibilidade de aumento do IR, que hoje abate 27,5% das fatias de renda mais altas –PSDB, DEM, PPS e Solidariedade disseram que a medida não passa no Congresso.
"O aumento de imposto que depende de aprovação no Congresso vai ter forte resistência e acredito que não vai passar. Já paga-se 27,5%, vai pagar quanto, 30%. A classe média vai parar de trabalhar para sua família para trabalhar para o governo Dilma?", disse o líder da oposição, Bruno Araújo (PSDB-PE).
Segundo ele, a solução passa por um forte corte de gasto, inclusive em programas sociais. "Eles têm que assumir o ônus de cortar programas que eles criaram sem fonte de renda ou com intuito eleitoral. São 700 programas sociais. Por que não se estabelece prioridade nesse momento de crise?", questionou o tucano.
Para o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, a ideia de aumentar o Imposto de Renda demonstra um "desespero do governo" na busca por recursos. "É mais uma demonstração do desespero de um governo que, mesmo com a gravidade da crise, não consegue apontar um rumo para o país, que não seja, de um lado, supressão de direitos e, de outro, aumento dos tributos. Essa é uma fórmula absolutamente rudimentar para permitir que o Brasil supere as gravíssimas dificuldades nas quais o governo do PT nos mergulhou", disse.
Segundo o tucano, a oposição irá bloquear a tramitação de qualquer proposta que aumente a carga tributária. "A oposição é absolutamente contrária ao aumento de qualquer tributo e vai reagir no Congresso a qualquer artifício que se busque para esse objetivo", disse.
Aécio também criticou a iniciativa de se aumentar impostos por meio de decreto presidencial e disse que, se isso acontecer, os partidos de oposição reagirão para anular quaisquer decretos. "É inconstitucional aumento de tributos que não seja a partir de projeto de lei aprovado no Congresso", disse.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também criticou a medida e disse que o governo precisa, primeiro, cortar gastos para depois falar em aumento de impostos. "Continuo achando que primeiro é preciso cortar despesas, reduzir ministérios, extinguir cargos comissionados. Esse é o dever de casa. Em seguida, se discute o que se vai fazer com o deficit fiscal", disse.
Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), o momento político não é bom para que se aumente impostos. "Espero que não recaia sobre as pessoas com menos renda", disse.
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