Dilma diz que governo fará tudo para impedir 'processos não democráticos'
Fernando Bizerra Jr./Efe | ||
A presidente Dilma Rousseff acena durante encontro com aliados na manhã desta terça-feira (15) |
Depois que os principais partidos de oposição lançaram um movimento pelo impeachment, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça (15) que o governo vai fazer "tudo para impedir que processos não democráticos cresçam e se fortaleçam".
Segundo Dilma, o Planalto "está atento" a todas as tentativas de "produzir instabilidade" no país.
"O Brasil conquistou uma democracia a duras penas, eu sei o que estou dizendo, quantas penas duras foi para conquistar a democracia. Nós não vamos, em momento algum, concordar, ou, faremos tudo para impedir que processos não democráticos cresçam e se fortaleçam", disse a presidente após participar de evento no Planalto.
Na semana passada, os principais partidos de oposição e vários deputados dissidentes da base governista lançaram o movimento parlamentar pelo impeachment da presidente. O ato incluiu o lançamento de um site para obter apoio popular.
Em resposta à oposição, seis legendas governistas organizaram um ato nesta terça (15), na Câmara, em defesa do mandato da petista.
Participaram os presidentes do PT, Rui Falcão, do PSD, o ministro Gilberto Kassab (Cidades), do PC do B, Luciana Santos, do Pros, Moacir Bicalho, além do líder da bancada do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e do senador Valdir Raupp (PMDB-RO).
No ato, organizado pelo PC do B, a oposição foi acusada de adotar práticas "radicais" e "golpistas". Ao final, aprovou-se um manifesto, entregue a Dilma nesta terça.
"Existe a vontade do eleitor, que se manifesta através das eleições, o governo faz o que pode para melhorar as condições do país, vivemos uma conjuntura econômica difícil, mas não podemos de forma alguma macular o fortalecimento da democracia com ações que não estão compatíveis com a legalidade e o perfeito funcionamento das instituições. Não é por que alguém acha que o governo não vai bem que tem o direito de tirar o mandato à força", disse Kassab.
Picciani afirmou acreditar que Dilma está "100% firme no cargo" e também se posicionou claramente contra a proposta de impeachment.
A posição do deputado difere da do também peemedebista Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara, que nos bastidores sinaliza estar alinhado com a oposição na tentativa de dar curso a um processo de impeachment.
Para a oposição conseguir apoio e dar início a um processo de impeachment, com o afastamento da presidente, são necessários ao menos 342 dos 513 votos dos deputados.
AJUSTE FISCAL
O objetivo do encontro entre Dilma e os deputados era pedir apoio dos parlamentares ao pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo nesta segunda-feira (14), com cortes de R$ 26 bilhões mais aumento e criação de impostos.
Em uma relação cada vez mais difícil com sua base aliada e derrotas subsequentes no Congresso, a presidente não quis detalhar quem vai assumir a tarefa de articular no Legislativo a aprovação do pacote. Segundo Dilma, após a reforma administrativa, que será anunciada até a próxima quarta-feira (23) com corte de ministérios e cargos comissionados, ficará mais clara a figura do novo articulador, que vai assumir o posto que até o mês passado era ocupado pelo vice-presidente Michel Temer.
CPMF
A presidente afirmou ainda que a proposta de recriar a CPMF, imposto provisório que será destinado à Previdência Social, terá alíquota de 0,2% "carimbada". No entanto, não descartou possíveis mudanças no valor após votações no Legislativo. "O governo não aprova a CPMF, quem aprova é o Congresso", disse Dilma.
"A nossa proposta é carimbada, ela vai assim [para o Congresso]. Agora, como será feito no Congresso é um outro processo de discussão. Nos empenharemos bastante. Primeiro para aprovar essas medidas, porque elas são necessárias não porque queremos tomá-las, mas porque passamos por um momento em que é fundamental que saiamos dessa situação de restrição fiscal o mais rápido possível para poder voltar a crescer, gerar empregos", completou a presidente.
'OTIMISTA'
Em seu discurso durante a cerimônia nesta terça no Planalto, Dilma afirmou que está "extremamente otimista na superação das dificuldades" que o país enfrenta.
"O Brasil está passando por alguns problemas, é verdade, mas ele é mais forte e maior que esses problemas", disse a presidente, que voltou a pedir união. "Sobretudo quando estamos juntos somos capazes de superar desafios e dificuldades. Temos que nos dedicar de corpo e alma para construir a trajetória para o país voltar a crescer".
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