Conciliador, Jaques Wagner se equilibra na relação com Dilma e Lula
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
O ministro da Defesa, Jaques Wagner, escolhido para assumir a Casa Civil |
Escolhido pela presidente Dilma Rousseff como novo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (PT) não é um homem de extremos.
Confrontado com os escândalos de corrupção do PT, repetiu por anos que "existem os santos e diabos em todos os partidos". Na economia, diz que não acredita nem em liberdade total ao mercado nem em intervencionismo exacerbado.
Fundador do PT, Wagner não integra nenhuma das correntes internas do partido e consegue uma proeza restrita a poucos: é amigo e goza da confiança tanto do ex-presidente Lula como da presidente Dilma.
Equilibrando-se na linha que separa "lulistas" e "dilmistas", é alçado ao principal ministério nos governos petistas na condição de bombeiro.
Repete um filme visto há dez anos, quando, no auge da crise do mensalão, no primeiro governo Lula, assumiu a articulação política e com Aldo Rebelo e Eduardo Campos formou a trinca que ajudou a pavimentar a reeleição do ex-presidente.
A seu favor, um perfil conciliador que lhe rendeu fama ao transitar bem no PT, entre partidos aliados e de oposição.
Assim, também conseguiu suspender uma greve de fome de 11 dias do bispo Dom Luiz Cappio contra a transposição do rio São Francisco, em 2005.
Contra todos os prognósticos, venceu as eleições para o governo da Bahia em 2006, foi reeleito em 2010 e, no ano passado, emplacou como sucessor um de seus amigos mais próximos, o hoje governador Rui Costa (PT).
No governo baiano, cercou-se de antigos aliados do senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007) e esvaziou a oposição.
Mesmo com uma base ampla, deixou o governo da Bahia com uma avaliação mediana, com cerca de 30% de ótimo e bom. Enfrentou problemas na gestão financeira do Estado e na segurança pública, com um aumento de cerca de 75% nos homicídios entre 2006 e 2014.
"Não é um bom gestor. Mas sempre foi jeitoso e boa praça", avalia um adversário político da Bahia.
A expectativa é que deixe a parte operacional do ministério a cargo de Eva Chiavon, seu braço direito que já foi a número dois no Ministério do Planejamento e hoje é secretária geral na Defesa.
Com isso, Wagner deve manter o foco nas costuras políticas para, em tempos de torneiras fechadas, tentar repetir um feito que conseguiu na Bahia: dizer não aos pedidos dos aliados e fazê-los sair sorrindo de seu gabinete.
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