Defesa diz à Justiça que prisão de Dirceu satisfaz 'opinião pública'
Com críticas às delações premiadas e à "opinião pública", a defesa do ex-ministro José Dirceu entregou nesta quinta-feira (1º) a sua primeira manifestação formal à Justiça Federal no Paraná, onde o petista virou réu em processo ligado à Operação Lava Jato.
O documento não rebate alguns dos principais pontos da denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-ministro, mas questiona a veracidade das informações prestadas por delatores e afirma que a prisão de Dirceu era previsível, uma "crônica da morte anunciada".
A peça, assinada pelo advogado Roberto Podval, diz que, pelo narrado pela acusação, o esquema de cartel de empreiteiras na Petrobras funcionava desde o governo Fernando Henrique Cardoso.
Na ação penal, recebida há duas semanas, Dirceu é acusado de receber propina de empreiteiras com contratos na estatal por meio de sua empresa de consultoria. Os serviços de consultoria, diz o Ministério Público, nunca foram prestados.
A defesa do petista diz que toda a acusação é baseada nos depoimentos do delator Milton Pascowitch, dono da empresa Jamp Engenheiros, que fez uma série de repasses para Dirceu.
Para os advogados do ex-ministro, Pascowitch queria delatar um nome "de calibre", como Dirceu, para salvar sua "própria pele".
"Era, portanto, bastante óbvio que a 'entrega' deste nome [Dirceu] era, além de tudo, uma 'causa' simpática à opinião pública, sendo, por isso, fácil prever que seria naturalmente abraçada pelos procuradores", diz o texto, que ainda lembra que o PT é hoje "impopular".
A defesa contestou a afirmação de que os serviços de consultoria não foram prestados e afirmou que apresentou mais de 3.000 páginas de documentos com contratos e provas dos trabalhos feitos. Também disse que, desempenhando a função, Dirceu viajou para 28 países.
O texto ainda afirma que a denúncia se baseia em "fofocas" e em um "amontoado de palavras". Sustenta que Dirceu, na época dos fatos, não tinha mais poder dentro do partido nem fez indicações na Petrobras.
O ex-ministro incluiu na sua lista de testemunhas de defesa no processo o ex-presidente do Peru Alan Garcia e os bilionários mexicanos Carlos Slim e Ricardo Salinas.
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