Ex-Odebrecht admite reuniões com delatores e nega que pagou propina
Gabo Morales - 27.jul.2011/Folhapress | ||
Alexandrino Alencar, ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira Odebrecht |
Ex-executivo da Odebrecht e réu em ação da Operação Lava Jato, Alexandrino Alencar negou o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras e a agentes políticos.
Preso em junho durante a fase Erga Omnes da Lava Jato e libertado no último dia 16 por ordem do Supremo Tribunal Federal, Alexandrino depôs perante o juiz Sergio Moro na tarde desta quinta (29), em Curitiba.
Alexandrino admitiu ter se reunido com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa entre 2004 e 2006, mas disse que o objetivo dos encontros era sensibilizá-lo a praticar uma política de preços da nafta (principal insumo da fabricação de plásticos) que não inviabilizasse a competitividade do setor petroquímico.
À época, o executivo ocupava o cargo de vice-presidente de relações institucionais e de comunicação da Braskem, braço petroquímico do grupo Odebrecht. Uma das acusações a que responde é que tenha acertado o pagamento de propina a Costa pela mudança no contrato de compra de nafta da Petrobras.
Ao refutar a versão de Costa, que o acusou em depoimento da sua delação premiada, Alexandrino disse que esteve na Braskem até 2007 e o contrato suspeito só foi assinado em 2009. Após deixar a petroquímica, Alexandrino primeiro foi diretor novos negócios da holding Odebrecht e, mais tarde, a partir de 2010, foi transferido para a Construtora Norberto Odebrecht.
Réu sob acusação de corrupção ativa e lavagem de dinheiro, Alexandrino também admitiu reuniões com o doleiro Alberto Youssef e com o funcionário dele, Rafael Angulo López, mas igualmente negou as versões de ambos que o apontaram como pagamento de suborno.
POLÍTICA
O ex-executivo contou ao juiz Moro que foi apresentado a Youssef, como assessor do ex-deputado José Janene (PP-PR, morto em 2010). O doleiro, segundo Alexandrino, se tornou uma espécie uma espécie de tesoureiro que arrecadava para campanhas do PP.
Ocupando cargo de ligação institucional entre as empresas da Odebrecht e os políticos, Alexandrino disse que se encontrava com Youssef para discutir o cenário político e as doações oficiais ao partido.
Já sobre Angulo, Alexandrino sustentou que os encontros visavam somente a entrega de recibos de doações ao PP, registrados na Justiça Eleitoral.
A versão do empregado de Youssef é que ambos se encontravam para que Alexandrino lhe repassasse os swifts –comprovantes de transferências internacionais feitas pela Odebrecht referentes a pagamentos de propina em contas secretas em paraísos fiscais.
Também prestou depoimento durante a tarde o ex-diretor-financeiro da Odebrecht Cesar Ramos Rocha, que estava preso até a semana passada. Ele negou envolvimento com pagamentos de propina da construtora e disse que se encontrou com Youssef apenas duas vezes, quando o doleiro tentava fazer com que a empreiteira contratasse serviços de suas empresas.
Nesta sexta (29), o presidente afastado do grupo Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, que está preso, deverá depor na Justiça Federal de Curitiba.
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