Ministro Patrus Ananias é hostilizado em restaurante de Belo Horizonte
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias (PT), foi hostilizado por manifestantes anti-PT quando estava com amigos em um bar de Belo Horizonte nesse domingo (8).
Em vídeo que circulou na internet, ao menos três pessoas lhe dirigem gritos de "Fora PT" e"PT corrupto"."Sou empresário e estou mandando meus funcionários embora por causa de [sic] PT ladrão, desonesto", diz um dos presentes.
Os manifestantes são inicialmente contestados pelo secretário-adjunto estadual de Educação de Minas, Carlão Pereira (PT), que acompanhava Ananias, e depois pelo próprio ministro.
"Põe no papel o que você está dizendo ao meu respeito. Vou entrar com processos contra você e vou ganhar todos", grita Ananias, que já foi prefeito de Belo Horizonte, no vídeo.
Ainda no domingo, o ministro divulgou uma nota condenando o ocorrido e afirmando que tentou dialogar com os manifestantes. "Este não vai ser o país do ódio generalizado, mesmo que esse seja o sonho de tantos que não conseguiram vencer democraticamente", escreveu em seu perfil no Facebook.
Esta não é a primeira vez que um político ligado ao PT é hostilizado nas ruas por manifestantes. Antes dele, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o ex-senador Eduardo Suplicy também foram xingados publicamente.
Veja a nota de Patrus Ananias na íntegra:
*
Este não vai ser o país do ódio. Ninguém vai nos tirar das ruas de Belo Horizonte.
Estive há pouco na Cervejaria Bar Brasil, um bar tradicional de BH, com minha esposa Vera, Carlão Pereira e sua esposa Jussara. Estávamos ali conversando entre amigos, sendo tratados com toda a gentileza pelos garçons. Pagamos a conta e levantamos para sair quando um homem em uma mesa próxima à porta começou a gritar, fazendo acusações de corrupção e levantando um daqueles cartazes - "Fora PT, Fora Dilma"...
Me aproximei e pedi 30 segundos para conversarmos. Ele retrucou que iria me "conceder 10 segundos". Respondi que colocasse num papel e assinasse todas as acusações sem provas em relação a mim, que amanhã mesmo eu entraria com uma ação contra ele. Então a conversa mudou, com ele dizendo que "eram acusações em relação ao PT". Uma câmera já estava posicionada desde o início, esperando para flagrar o momento "espontâneo".
Algumas mesas ao redor, articuladas a essa primeira, começaram a ampliar o barulho, tentando nos intimidar. Não arredamos pé. Respondemos às acusações sem fundamento, exigimos respeito, mantivemos a firmeza. O acusador da primeira mesa rapidamente foi embora em silêncio, enquanto nós permanecemos ali.
Tivemos uma conversa altiva e buscamos negociação e diálogo, com convém a uma sociedade democrática. Fizemos isso porque ninguém vai nos tirar das ruas e dos bares de BH. Nenhuma reação de uma manifestação organizada, travestida de espontânea, vai nos intimidar e limitar nosso direito de sentar com os amigos e a família em um bar numa tarde de domingo em qualquer cidade.
Porque este não vai ser o país do ódio generalizado, mesmo que esse seja o sonho de tantos que não conseguiram vencer democraticamente.
Este não vai ser o país onde se toma o poder pela força, usando mentiras e calúnias sem fundamento.
Este não vai ser o país onde quem grita mais alto tem razão. Este vai continuar sendo o país da democracia, de quem sabe ouvir, compreender e debater.
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