Rui Falcão pede a deputados petistas que 'não acabem com imagem' do PT
Numa queda de braço com o Palácio do Planalto, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, pediu aos deputados federais petistas que integram o Conselho de Ética que se posicionem pelo prosseguimento do processo de cassação do mandato do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Em conversa por telefone na noite da terça-feira (1), o dirigente petista ressaltou que o partido "não pode passar por esse desgaste" e que a participação da sigla no arquivamento do processo contra o peemedebista "vai acabar com a imagem" do PT.
Na direção oposta do governo federal, que tem pressionado os três deputados federais a encerrarem a investigação contra Cunha, Falcão defendeu nas redes sociais que os parlamentares petistas votem pela admissibilidade do processo.
Sob fogo cruzado, Zé Geraldo (PT-PA), Valmir Prascidelli (PT-SP) e Leo de Brito (PT-AC) pretendem consultar neste final de semana tanto o Palácio do Planalto como a Executiva Nacional do PT para definir uma posição.
A votação que ocorreria nesta quarta (2) foi adiada para a próxima terça (8), por conta de uma sessão conjunta no Congresso que discute a alteração da meta fiscal do governo para 2015.
"Nós precisamos deliberar, porque partido é partido e governo é governo", explicou Zé Geraldo.
O comando do PT incluirá a situação de Eduardo Cunha na pauta da reunião da cúpula partidária, que acontecerá nesta sexta-feira (4).
A direção do partido foi convocada para discutir a expulsão do senador Delcidio do Amaral, preso no dia 25 sob acusação de tentar obstruir as investigações da operação Lava-jato, mas Falcão vai incluir o debate sobre Eduardo Cunha na pauta, caso o conselho de ética da Câmara adie mesmo para terça-feira a votação sobre abertura de processo contra o presidente da Casa.
Os defensores de um acordo com Cunha, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acreditam que ele engavetará pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff se conseguir salvar seu mandato no Conselho de Ética.
No entanto, a direção do PT, a maioria da bancada e até uma ala minoritária do governo decidiu remar na corrente contrária.
Eles defendem a tese de que salvar Cunha seria manter nas mãos dele um "cheque em branco" para chantagear a presidente. Pregam, inclusive, que a presidente deve "pagar para ver" e encarar a discussão sobre seu afastamento.
Sentindo o clima de divisão no PT, Cunha indicou que poderá mudar o relator da proposta do governo de recriar a CPMF caso os deputados petistas votem pelo arquivamento de sua cassação.
Nesta terça, o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Arthur Lira (PP-AL), aliado de Cunha, indicou-se relator da recriação do imposto, o que desagradou ao Palácio Planalto.
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