Pontapé no impeachment divide empresários e sindicalistas
A aceitação do pedido de impeachment a presidente Dilma Rousseff dividiu a opinião de empresários e sindicalistas.
Carlos Pastoriza, presidente da Abimaq (associação que reúne fabricantes de máquinas), acredita que falta legitimidade à condução do pedido. "Foi uma retaliação. Na situação em que está o presidente da Câmara [Eduardo Cunha, do PMDB-RJ] e considerando as acusações pesadas contra ele, creio que há uma clara perda de legitimidade [no processo]."
A decisão não surpreende a Abinee (associação da indústria eletroeletrônica). "Não diria que o afastamento ajude a melhorar a situação da economia, mas uma solução temos de ter. Não dá para viver eternamente num impasse, com a possibilidade do impeachment no ar. Nenhum país aguenta conviver com isso durante muito tempo", diz Humberto Barbato, presidente da entidade.
Antônio Britto, presidente-executivo da Interfarma (representa laboratórios multinacionais), afirma que a crise brasileira é "extremamente grave e leva à necessidade de uma condução muito serena sob pena de esse processo, independentemente do resultado, se tornar perigosamente traumático".
Ex-deputado federal e ministro do governo Itamar Franco, o executivo vê diferenças na situação atual e em 1992, época do processo de impeachment do então presidente Collor. "Havia consenso sobre o que deveria ser feito. Desta vez, apesar da impopularidade da presidente, há uma enorme fragilidade dos partidos e das lideranças".
'OU MELHORA OU CAI FORA'
Antes do anúncio de Cunha e após apresentar impactos da recessão econômica na indústria e no emprego neste ano, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, criticou a presidente Dilma Rousseff: "Ou o governo muda e tenta retomar a confiança dos consumidores e dos investidores ou [é] melhor arrumar as malas e cair fora."
"O problema não é com o Brasil, mas sim com o governo brasileiro. Ou o governo muda de atitude, para ações exemplares, como o ajuste fiscal, a redução de gastos e desperdício, e parar de barganhar coisas, ou muda o governo. A nação brasileira não pode continuar pagando o pato", afirmou o executivo, em alusão à campanha liderada pela Fiesp contra a alta de impostos.
Questionado sobre o presidente da Câmara, Skaf afirmou que "é duro ouvir todos os lados barganhando". Completou dizendo: "A sensação que nos dá é a de que eles estão usando os mandatos para fins puramente pessoais".
Procuradas, CNI, Febraban e entidades que representam o varejo ainda não se pronunciaram sobre a questão.
SINDICATOS
A Força Sindical não tomou posição a favor ou contra o pedido de abertura de impeachment. Miguel Torres, presidente da central, diz que "o que importa é discutir o desenvolvimento do país e medidas para sair da crise, com ou sem impeachment".
Para Ricardo Patah, presidente da UGT, a decisão de abrir o processo para o afastamento de Dilma foi uma retaliação "descabida". "Por mais que tenha questões, não há nada que comprove corrupção ou uma gestão fraudulenta."
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