Alckmin diz que não é seu papel cobrar impeachment, mas defende pedido
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), justificou sua cautela para se posicionar sobre o pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff dizendo que não é tarefa de governador "sair para a rua para fazer impeachment".
"Não é tarefa de governador de Estado e prefeito, que têm tarefa de governo, sair para a rua para fazer impeachment. Essa é uma tarefa do Parlamento", afirmou.
Questionado diretamente sobre ser favorável ou contrário ao impedimento de Dilma, Alckmin respondeu: "Eu defendo a abertura do processo".
As declarações foram concedidas após evento com prefeitos paulistas no Palácio dos Bandeirantes, na manhã desta quarta (9).
Alckmin tem repetido nos últimos dias que o dispositivo do impeachment é constitucional e que, portanto, não se pode falar em golpe, como tem feito o governo federal.
Nesta terça (8), o governador disse, pela primeira vez, que os motivos jurídicos que embasaram o pedido de impeachment acatado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), são fortes.
Esse é a principal crítica feita pelo governo e por seus apoiadores: de que não há razões jurídicas para o afastamento da presidente, pois não estaria comprovado que ela cometeu crime de responsabilidade.
Sobre o grupo de 16 governadores que lançaram manifesto em defesa do mandato da presidente Dilma, Alckmin disse: "Os governadores têm total liberdade para expor suas posições".
ADIAMENTO
O plenário da Câmara aplicou nesta terça uma derrota ao governo e aprovou uma chapa majoritariamente contrária a Dilma para compor a comissão especial que irá analisar o pedido de impeachment da presidente.
A chapa oposicionista foi aprovada por 272 votos contra 199 de deputados que optaram pela composição governista, com integrantes indicados pelos principais líderes de partidos aliados a Dilma.
No entanto, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Edson Fachin suspendeu na noite desta terça-feira (8) o andamento do processo de impeachment.
Isso vale até o julgamento pelo plenário do STF no próximo dia 16 que vai avaliar ações de governistas que questionam o início do pedido de afastamento da petista na Casa. Em sua decisão, Fachin proibiu que seja instalada a comissão especial que irá analisar o processo e suspendeu todos os prazos.
O ministro, no entanto, não anulou os atos praticados até agora, como a eleição realizada na tarde desta terça que elegeu maioria oposicionista para o colegiado. As decisões tomadas pela Câmara serão avaliadas pelo Supremo.
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