Lula atuou em favor da Odebrecht na Venezuela, diz revista
Jorge Araújo - 15.fev.16/Folhapress | ||
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião do Conselho Político do PT, em São Paulo |
Investigações da Procuradoria da República no Distrito Federal revelam, segundo a revista "Época", que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez tráfico de influência em favor da Odebrecht na Venezuela.
Fazendo a ressalva que as investigações "ainda não são definitivas", a reportagem da revista diz que o ex-presidente atuou como operador da empreiteira em 2011, quando já havia deixado o governo, para destravar e agilizar contratos no exterior financiados pelo BNDES.
Procuradores de Brasília apuram as contratações do ex-presidente pela Odebrecht para dar palestras no exterior.
Investigada na Operação Lava Jato, a Odebrecht, de acordo com relatórios obtidos por "Época", obteve US$ 7,4 bilhões em 52 contratos de financiamentos pelo BNDES para obras no exterior. No mesmo período, a empresa pagou para Lula dar palestras em diversos países.
Um dos exemplos citados na investigação do Ministério Público Federal é um pagamento que a Venezuela devia à Odebrecht. Para receber, a empresa pagou uma viagem de Lula ao país.
O ex-presidente emitiu uma nota no valor de R$ 359.281,44, declarando que prestou serviços como palestrante para a companhia na Venezuela.
Para os investigadores, segundo a revista, "a construtora valeu-se da influência e do trânsito do ex-presidente para poder obter o pagamento de quantia recebida pelo país do BNDES".
Em um dos despachos da investigação, os procuradores chegam a falar em "modus operandi criminoso" para obtenção de financiamentos públicos.
A investigação também detalha a participação de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, no caso. Ao analisar a agenda dele, o MPF diz que Coutinho teve vários encontro com o ex-presidente na época dos fatos investigados.
A maior parte destes encontros ocorreu na sede do Instituto Lula, em São Paulo, e foram nomeados, segundo a investigação, como "Conversas sobre a Conjuntura Econômica", mas alguns não constavam da agenda oficial do presidente do BNDES.
Para a revista, a Odebrecht disse que "prestou as informações solicitadas pelo Ministério Público Federal em inquérito que corre em sigilo e reafirma que mantém uma relação institucional e transparente com o ex-presidente Lula".
A assessoria do BNDES, por sua vez, disse que Luciano Coutinho discutiu apenas cenários econômicos nas reuniões que teve no Instituto Lula. E o ex-presidente Lula não quis se manifestar.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade