Protesto no RS tem músicas infantis e banho de lava jato no Pixuleko
O protesto que pedia o impeachment da presidente Dilma Rousseff, em Porto Alegre, neste domingo (13), teve como trilha sonora músicas infantis que fizeram sucesso na década de 1980.
No carro de som, uma banda cantava músicas do Balão Mágico e do Trem da Alegria. Refrões como "Sou feliz, por isso estou aqui / também quero viajar nesse balão!", da música "Superfantástico", e "Eu tenho a força, sou invencível / vamos amigos, unidos venceremos a semente do mal", da música de "He-man", foram as que mais animaram os manifestantes que cantavam e pulavam no Parcão (Parque Moinhos de Vento).
A organização do evento estima que 140 mil pessoas participaram do ato, que começou às 15h e terminou às 18h. Para a Brigada Militar, a PM gaúcha, o número é menor: 100 mil. Entre os políticos presentes que falaram ao microfone estavam o deputado federal Nelson Marchezan Jr. (PSDB), que pediu "Lula na cadeia", e o deputado estadual Marcel Van Hattem (PP), que xingou o ex-presidente: "Lula, tu é chinelo".
Além da banda, a organização preparou outra atração: um homem fantasiado de juiz Sergio Moro deu banho com aparelho lava jato no boneco Pixuleko.
"Moro é um representante da nação. Ele está mostrando que a Polícia Federal está aí para fazer uma limpeza geral na corrupção, independentemente do partido", disse Francisco Reis, 32, administrador que encarnou o papel de Moro, vestindo terno preto.
Um aposentada de 88 anos estava esperando pelo "banho do Pixuleko" há duas horas. "Eu comprei meu boneco por R$ 15 e agora estou esperando. Estou cansada, com o dedão inchado", disse Iolanda Bina. Para ela, o protesto estava "uma maravilha" e o governo federal "não merece comentários".
Entre as faixas espalhadas pelo protesto, uma dizia "Todos contra ZikaDilma e ChikunLulla, que estão matando mais de 20 milhões de brasileiro" e outra "Bolsonaro presidente". Poucas faixas fugiam da temática anti-PT.
Uma delas pedia que as pessoas acreditassem mais em Jesus e menos nas igrejas, que "só querem dinheiro". Segundo a norte-americana que segurava a faixa religiosa, que não quis se identificar, ela veio dos Estados Unidos com mais seis irmãos para fazer trabalho voluntário. "Queremos mostrar que há coisas lindas, como Jesus, fora do debate político", disse ela.
Ao ver a Folha entrevistando a mulher, um homem esbravejou:
"Ela é um parasita, fugindo da pauta do protesto. E vocês duas estão fazendo papel de idiotas. Ainda se ela estivesse segurando uma faixa pedindo a volta da ditadura ou dizendo para Jesus levar a Dilma embora, tudo bem", disse Luciano Schmitt, 46, simpatizante do Partido Novo, legenda liberal que recém conseguiu seu registro no TSE.
Enquanto um pequeno Pixuleko e uma boneca de Dilma eram exibidos em uma gaiola por um manifestante, o delegado José Mauro Pinto Nunes, diretor regional da Associação Regional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), pedia por apoio à PEC da Autonomia da PF, que prevê independência administrativa e financeira. "Queremos uma instituição de Estado, não de governo", disse o delegado no microfone.
O protesto de Porto Alegre não teve ocorrências ou tumultos, segundo o tenente-coronel Mario Ikeda, comandante do Policiamento da Capital (CPC).
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