Jornalista causa polêmica na internet ao comparar Luciana Genro a Trótski
Flavio Florido/Uol | ||
Luciana Genro, uma das principais lideranças do Psol, em foto de outubro de 2015 |
Um comentário do jornalista e diretor editorial do site "Opera Mundi" Breno Altman a respeito de Luciana Genro, uma das principais lideranças do Psol (Partido Socialismo e Liberdade), tem causado polêmica na internet desde a tarde de terça-feira (29).
Em seu perfil no Facebook, Altman afirmou que "o tratamento que deveria ser aplicado a casos como o de Luciana Genro teria sido muito bem definido em 1940" —referência à morte do dissidente soviético León Trótski, morto em agosto de 1940 a mando do adversário Josef Stálin, então ditador da União Soviética.
A fala polêmica foi precedida por uma outra postagem, em que o jornalista reproduzia a nota do Psol contestando declarações de Luciana à Folha, em entrevista publicada na terça.
Nela, Luciana afirmava ser contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas disse que o PT tenta se fortalecer com a tese do medo. Ela disse ainda não achar que o juiz Sergio Moro seja um fascista.
O post do jornalista foi interpretado pelos internautas e pelo partido como uma incitação de violência contra a política, que foi candidata à Presidência em 2014, e recebeu uma enxurrada de comentários críticos, que o chamavam de stalinista, fascista e misógino.
Nesta quinta-feira (31), Altman, que é defensor do governo Dilma e amigo de José Dirceu, fez nova postagem em seu perfil, intitulada "explicando a piada", em que diz ter sido mal interpretado, e pediu desculpas, mas afirmou não poder tolerar "a tentativa alucinada de apresentar a piada que recontei como incitação ao assassinato de Luciana Genro, ato de misoginia ou gesto de intolerância".
"Nos meus tempos de movimento estudantil, entre os anos 70 e 80, os grupos trotsquistas costumavam celebrar suas vitórias em eleições e assembleias com eufóricos gritos de "Leon, Leon, Leon!", enaltecendo o sócio-fundador de seu clube. Os comunistas não deixavam barato e respondiam em alto e bom som: "Ramon, Ramon, Ramon!", homenageando o agente soviético que liquidou Trotsky no México", disse o jornalista no post.
"Era puro e divertido rito de enfrentamento simbólico, que quase sempre terminava em risos e cervejas, mesmo que antes ocorresse alguma troca de tapas."
Já para Luciana, que se manifestou também pelo Facebook, nesta quinta, afirmando que o comentário de Altman mostra que "os stalinistas nunca desistem de liquidar seus opositores, e acham até mesmo que se pode fazer piada com isso. E ainda se dizem em defesa da democracia. Isto sim é uma piada", e atacou o jornalista dizendo não estar surpresa que nada vindo de um "defensor dos envolvidos no mensalão" a surpreende e que "a vida se encarregará de colocar Breno Altman no seu devido lugar".
O setor de mulheres do Psol também publicou, em seu site, uma nota de repúdio à postagem de Altman, voltando a ressaltar que não compartilha da opinião de Luciana com relação ao governo. "É absurda qualquer declaração que faça alusão ao assassinato de uma liderança política, ainda por cima disfarçada numa suposta carga de humor, típico recurso utilizado para perpetuar preconceitos."
A Folha tentou entrar em contato com Luciana e Altman, mas não obteve resposta.
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