Estratégia do governo de negociar cargos é 'forçação de barra', diz Renan
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), classificou nesta quarta-feira (13) como uma "forçação de barra" a estratégia adotada pelo governo de negociar cargos com parlamentares que podem ajudar a barrar o processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
"Acho até que esse fechamento de questão com os partidos é uma forçação de barra, porque o que vamos ter é um julgamento de um impeachment que mais que uma questão partidária é sobretudo uma questão de consciência", disse ao chegar ao Senado.
O peemedebista também fez uma provocação velada ao seu correligionário, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao afirmar que a Casa não terá "um presidente que vai desequilibrar o processo" durante a análise do impeachment da presidente Dilma Rousseff, caso ele seja aprovado pela Câmara neste domingo (17).
Cunha é acusado de ter manobrado para prejudicar o governo na análise do impeachment na Câmara, tanto que o STF (Supremo Tribunal Federal) foi acionado para definir como a comissão especial que analisou o caso deveria funcionar.
E como a Folha mostrou na semana passada, o relator do pedido de impeachment na comissão, Jovair Arantes (PTB-GO), usou como um de seus principais auxiliares na área técnica um advogado de confiança do presidente da Câmara, que atua na defesa de vários processos particulares de Cunha.
"Tudo tem o seu tempo. O impedimento também. É importante que se observe os prazos e seja isento. Se o presidente da Casa não for isento, não guardar independência, responsabilidade que deve ter no cargo, ele acabará desequilibrando o processo e esse não é o meu propósito", afirmou.
Ainda considerado como um dos últimos aliados do governo no PMDB, Renan afirmou que primeiro é preciso aguardar os fatos e defendeu que o Senado precisa ter equilíbrio durante o processo. Questionado sobre como se dará o processo no Senado, Renan disse que "não é cartomante ou quiromante para fazer previsões". "É preciso aguardar os fatos para decidir o que fazer ou decidir o que não fazer", disse.
EM 1992
Questionado sobre o que estava fazendo em 1992, quando a Câmara votou pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor, Renan foi sucinto. "Eu estava em Brasília. É um dia que eu procuro apagar da minha memória", disse.
Na época, o peemedebista era deputado federal. Antes, ele havia sido um dos principais artífices da candidatura de Collor à Presidência. No entanto, mais tarde, ele foi um dos responsáveis por sua queda, quando rompeu formalmente com Collor por não ter tido apoio na disputa ao governo de Alagoas, que acabou perdendo, e acusou o então presidente de ter conhecimento do esquema PC Farias.
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