Temer é o 'profissional das intrigas parlamentares', diz jornal francês
Alan Marques-2.mar.2016/Folhapress | ||
A presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer em evento em Brasília |
O jornal francês "Le Monde" desta quinta-feira (14) publicou um perfil do vice-presidente Michel Temer, "homem dos bastidores" que pode virar presidente caso Dilma Rousseff seja afastada pelo impeachment, que será votado na Câmara no domingo (17).
Discreto, elegante, glacial. É assim que o "Le Monde" descreve Temer, "homem dos bastidores, filho de imigrantes libaneses, profissional da política e das intrigas parlamentares", que amanhã poderá governar o Brasil.
O jornal francês lembra que o ex-líder do PMDB não tem nem 3% das intenções de voto, mas pode virar presidente caso Dilma seja afastada. Para o "Le Monde", Temer sabe que sua hora chegou e não esconde isso, citando o discurso de união nacional de segunda, onde o vice promete fazer as reformas necessárias para o país e garantir a "perenidade dos programas sociais".
'EJACULADOR PRECOCE DO PLANALTO'
O jornal francês também lembra que Temer é qualificado de "ejaculador precoce" do Planalto, que se comporta como se a batalha estivesse ganha, e que suscitou a indignação de Dilma. A presidente vê no vice e seu ex-aliado "o chefe dos conspiradores". O papel de "traidor adjunto" caberia a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, próximo da bancada evangélica, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.
Para o "Le Monde", Cunha quer transformar a votação do impeachment em um grande espetáculo público, transmitido pela Globo. "Temer não é o homem que os brasileiros esperam, mas ele acredita em seu destino?, diz o texto. "Os partidos aliados ao PT abandonam o governo um após o outro, e se posicionam a favor da destituição", observa o jornal, citando o PP, o PRB, o PSB e, mais recentemente, o PSD, que se pronunciaram a favor da saída da presidente.
LULA NÃO CONSEGUE CONTER O PROCESSO
A ação de Lula nos bastidores, diz o "Le Monde", não impede a derrocada de Dilma. "Mesmo batalhando nos bastidores ou oferecendo ministérios em troca de apoios, a hemorragia continua?, escreve a jornalista Claire Gatinois, autora da matéria. "Os indecisos se posicionam no campo que tem mais chances de vencer. Quanto mais as demissões se acumulam, mas o governo sai fragilizado", avalia Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas, entrevistado pelo jornal.
O "Le Monde" conclui a reportagem dizendo que a votação de domingo é imprevisível, e manifestações são esperadas nas ruas de opositores e defensores do PT.
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