Cunha nega 'vingança', e sessão do impeachment começa com confusão
A sessão de votação do impeachment de Dilma Rousseff começou às 14h com muita confusão e interrupção. Protestos contra a petista e manifestações a favor dela tumultuaram o Salão Verde e o plenário da Casa, lotado de parlamentares, familiares, assessores e jornalistas na tarde deste domingo (17).
Em entrevista coletiva pouco antes do início da sessão, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou que tenha agido por vingança contra Dilma e acabou encerrando a entrevista pouco após a bancada do PT chegar ao Salão Verde aos gritos de "democracia".
"Com 50 pedidos de impeachment, como você poderia dizer que é vingança? A suposta prática do crime existiu", afirmou Cunha na entrevista. Segundo o peemedebista, o governo chegou a essa reta final em clima de "feirão e saldão" de cargos. Cunha não citou o aliado Michel Temer, que também negocia futuros ministérios e cargos com aliados.
No início da sessão, mais confusão. Gritos de ordem dos dois lados, faixas e muito barulho. Opositores chegaram a abrir uma faixa "fora, Cunha" na Mesa da Câmara, logo atrás de Cunha. O peemedebista mandou retirar a faixa afirmando que esse tipo de manifestação era proibido.
Renato Costa/Folhapress | ||
Presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha durante Sessão da Câmara dos Deputados |
No início da fala de Jovair Arantes (PTB-GO), relator do pedido de impeachment, a gritaria e confusão acabou interrompendo o discurso. O petebista é a favor da abertura do processo sob o argumento de haver fortes indícios de que Dilma cometeu crime de responsabilidade.
Presidindo a sessão, Cunha pediu serenidade aos deputados "Façam a luta política em seus discursos. Mas tem que ter respeito."
A confusão no plenário começou quando o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) subiu à tribuna para pedir um esclarecimento sobre o rito da sessão. Ele foi rechaçado pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que afirmou que o assunto trazido por Orlando ao plenário já havia sido tratado e superado pelos deputados. Cunha então cortou o microfone do parlamentar e tentou retomar a sessão.
Orlando deixou a tribuna, deu a volta e se dirigiu à Mesa, onde, apontando para Cunha, disse que ele não poderia cortar a palavra de um parlamentar.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) também subiu à Mesa para pedir acesso ao microfone e Cunha disse que eles deveriam sair de onde estavam, pois seria um local inadequado "para um parlamentar". Iniciou-se um tumulto na frente do plenário, com os parlamentares que apoiam o impeachment tentando retirar os governistas da Mesa.
O deputado Jair Bolsonaro tentou retirar Teixeira do local puxando-o pela barra da calça, mas não conseguiu. No plenário seguiu-se uma série de empurrões e chutes entre os deputados, o que durou cerca de 20 segundos.
Quando os ânimos se acalmaram, Cunha não concedeu os apartes a Orlando e Teixeira e ordenou que começasse a fala do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), relator do processo de impeachment.
(RANIER BRAGON, DÉBORA ÁLVARES, ISABEL FLECK, DANIELA LIMA, RUBENS VALENTE, LEANDRO COLON, MARIANA HAUBERT)
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