Deputados governistas e de oposição comentam votação da Câmara
Renato Costa/Folhapress | ||
Deputados pró-impeachment comemoram aprovação do pedido na Câmara |
Logo após o placar do plenário marcar os 342 votos necessários para aprovar o pedido de impeachment na Câmara, deputados governistas criticaram a articulação do vice-presidente Michel Temer para o afastamento de Dilma Rousseff e disseram que vão "seguir lutando", seja no Senado ou na Justiça.
"Vamos continuar na luta. Estamos do lado certo, da defesa da democracia e do povo pobre. Jogaram contra a República, a democracia e o povo brasileiro", disse o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA).
"Eles querem governar, mas não têm voto. Então tiram da presidência uma mulher honesta, que não tem conta na Suíça. Mas vamos derrotar isso no Senado com ajuda do povo organizado", declarou.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) reforçou que o partido seguirá trabalhando "no Senado, no Supremo [Tribunal Federal], na rua". "Vamos continuar insistindo que é uma ilegalidade e não trabalhamos com nenhuma hipótese de reconhecer a legitimidade de um eventual governo Temer-Cunha", afirmou.
Para ele, o resultado deste domingo mostra um Congresso "conservador que tem uma forte tendência fisiológica" e que "enxergou no Temer, na relação com o Cunha, uma possibilidade de ampliar a presença de cargos dentro do governo".
O argumento foi repetido pela deputada Jandira Feghalli (PCdoB-RJ). "A nossa contabilidade estava correta, mas quando chega no plenário percebe os acordos não republicanos de compra e venda de votos", disse. Segundo ela, "a luta na rua vai se intensificar".
O governista Silvio Costa (PTdoB-PE) era um dos mais abatidos após a derrota no plenário. "A história vai mostrar que essa alegria [da oposição] é uma alegria triste."
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) ironizou o discurso do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em que o peemedebista pediu que Deus tivesse "misericórdia" da nação. "País que tem Eduardo Cunha como presidente precisa mesmo de muita misericórdia divina", disse. "Agora teremos mais problemas ainda."
Para Ivan Valente (PSOL-SP), o governo "confiou no pântano, em partidos clientelistas e fisiológicos, que podem ir para um lado ou para o outro –para onde as ofertas de cargos são mais apetitosas". "O Michel Temer ofertou mais que o governo", afirmou.
SOMA DE EQUÍVOCOS
Líder do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (RJ), que votou contra o impeachment, afirmou que o governo errou para tentar evitar esse resultado. "Evidente que houve erros do governo na articulação durante esse processo, caso contrário o resultado seria outro. Agora, não sei apontar quais. Foi um somatório de equívocos", disse Picciani.
Na oposição, a comemoração era vista desde antes do resultado ser confirmado.
"Tenho bastante esperança de que as coisas comecem a mudar para o Brasil. Primeiro, na retomada da confiança, e isso é muito importante, porque o Brasil está completamente desacreditado. E agora, com a nova expectativa: vamos ver o nosso Brasil crescer, não sem antes com muita luta, com muito esforço", disse o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino.
Avelino disse acreditar que o governo não terá votos para frear o processo no Senado. "Terá muito menos votos que na Câmara, proporcionalmente."
O vice-presidente nacional do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP) disse que essa foi uma "vitória do país". "[O Brasil] precisa sair da situação em que se encontra. Não fomos aliados do Cunha, o condutor do processo foi o [líder do PSD na Câmara, Rogério] Rosso, na comissão."
O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, disse que é hora de "reconstruir o Brasil". "O Brasil precisa ter uma política econômica que possa tirar o país dessa situação, do desemprego e da recessão que estamos vivendo", afirmou.
Paulinho disse que seu partido não foi convidado para um eventual governo Temer. "Mas eu acho que todos os partidos que ajudaram a derrubar a Dilma deveriam participar do governo para ajudar a tirar o país de onde o PT enfiou", declarou.
"É um momento histórico do Brasil, depois de 13 anos de governo que fez a maior corrupção da história do Brasil. Hoje a Câmara dá uma resposta ao povo brasileiro", disse.
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