Análise
Dor de cabeça 'menor', Olimpíada trará visibilidade para Temer
No rol das grandes preocupações do presidente interino Michel Temer nas próximas semanas, a realização da Olimpíada tende a ocupar papel secundário.
Não que seja um assunto de rodapé. Daqui a pouco menos de três meses, começa o maior evento esportivo da história do Brasil, a considerar o número de países participantes.
A Copa de 2014 recebeu 32 representações nacionais; nos Jogos, devem ser 206.
A projeção midiática terá uma dimensão jamais vista pelo Brasil. Em agosto, nenhum outro país ocupará tanto espaço nos jornais, revistas, sites e TVs mundo afora.
As nações competidoras e, principalmente, as empresas que investem bilhões nos Jogos Olímpicos esperam do Brasil que a política –ao menos em agosto– se restrinja a papel coadjuvante.
Para que isso ocorra, o arrefecimento das tensões políticas é fundamental.
Se estamos, portanto, diante de um evento gigantesco em um contexto intrincado, por que a Olimpíada não se revela como uma dor de cabeça para Temer neste momento?
Porque, diferentemente do que aconteceu na Copa, tem prevalecido boa comunicação entre o governo federal, as confederações esportivas e o comitê organizador da Rio-2016.
Basta o novo ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), manter esse entrosamento, sem alterações extremas de rota.
E também porque a maior parte do dinheiro da União destinado à Olimpíada já foi entregue, e as obras andam. Há, sim, instalações em atraso, mas são exceções.
Claro, há sempre o imponderável disposto a solapar previsões de preparação bem-sucedida, vide o zika. Mas o cenário é, por ora, mais positivo.
Temer deve ter, aliás, na abertura da Olimpíada seus minutos de maior visibilidade internacional ao longo de todo o seu mandato.
Ele pode deixar o Maracanã mais forte. Ou mais constrangido, caso receba vaias em ato volume como as que atingiram Dilma na abertura da Copa, em 2014.
A reação do Maracanã dependerá de como Temer vai se comportar nos próximos 85 dias.
NEÓFITO
Quanto a Picciani, é de se lamentar que o ministério do Esporte, mais uma vez, caia no colo de um neófito.
Se o governo federal, seja ele qual for, demonstra por décadas não levar o esporte a sério, por que os demais envolvidos o farão?
Por outro lado, a proximidade de Picciani com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, pode ser benéfica para a organização da Olimpíada.
Como foi a Copa, os Jogos devem ser bem-sucedidos. Vez ou outra, graças aos políticos. Em outras tantas situações, apesar deles.
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