Chefes regionais da Transparência entregam cargos em protesto
Pedro Ladeira - 12.mai.2016/Folhapress | ||
O ministro Fabiano Silveira, de Fiscalização, Transparência e Controle, durante cerimônia de posse |
Os chefes regionais do Ministério de Transparência, Fiscalização e Controle estão entregando seus cargos em protesto à permanência do chefe da pasta, ministro Fabiano Silveira, flagrado em gravações criticando a Operação Lava Jato e orientando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A Folha confirmou a informação com dois servidores que ocupam cadeiras de comando em seus estados: Adilmar Gregorin, chefe de unidade na Bahia, e Roberto Viégas, que ocupa o mesmo posto em São Paulo.
De acordo com Gregorin, todos os comandantes regionais estão aderindo ao movimento, na tentativa de deixar claro que não aceitarão Silveira à frente da pasta de combate à corrupção.
"Não há a menor condição de termos um ministro sob suspeição, como está o atual", justificou o Gregorin.
O responsável pela unidade paulista fez coro ao colega e pede, além da exoneração de Silveira, a revogação da Medida Provisória que transformou a CGU (Controladoria-geral da União) em ministério, tirando o vínculo do órgão à Presidência.
"Essa é uma casa séria, precisamos de gente séria na cúpula desta casa para nos guiar. E queremos a imediata revogação da MP", protestou Viégas.
GREVE
Desde que os áudios de Silveira vieram a público, os servidores da pasta pleiteiam a exoneração dele e ameaçam decretar uma greve geral, com a paralisação de todos os serviços da pasta.
Segundo o chefe da unidade da Bahia, cerca 150 trabalhadores da antiga CGU deverão chegar a Brasília até quarta-feira (1º) para engrossarem as manifestações contra Silveira.
ÁUDIO
Silveira foi gravado pelo ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, que se tornou delator da Operação Lava Jato. Os diálogos foram divulgados pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo (29).
Segundo o programa, a gravação ocorreu no fim de fevereiro, na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros. Servidor do Senado, Silveira foi indicado para o CNJ por Renan.
Silveira chegou a recomentar que Renan não apresentasse certos argumentos na defesa de um dos inquéritos.
"Está entregando já a sua versão pros caras da... PGR [Procuradoria-Geral da República], né. Entendeu? [...] Quando você coloca aqui, eles vão querer rebater os detalhes que colocou", afirmou.
Silveira também disse que Machado devia procurar o relator de um dos processos da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), sem citar qual deles.
O sindicato que representa os servidores da antiga CGU (Controladoria-geral da União) divulgaram uma carta em que pedem a demissão do ministro.
A nota assinada pelo Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon Sindical) sustenta que, em virtude das revelações feitas pelo programa, Silveira "demonstrou não preencher os requisitos de conduta necessários para estar à frente de um órgão que sela pela transparência pública e pelo combate à corrupção".
Em seguida, no texto, os membros da categoria "exigem a imediata exoneração" do ministro, assim como a revogação da legislação que determinaram as mudanças na CGU.
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