Testemunha do mensalão do DEM diz que Rosso recebeu propina
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
O deputado Rogerio Rosso (PSD-DF), cotado para substituir Cunha na presidência da Câmara |
Uma testemunha arrolada por advogados de defesa dos réus no caso que ficou conhecido como mensalão do DEM afirmou em depoimento à Justiça que o deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF) também recebeu propina das mãos do delator do processo, Durval Barbosa. O escândalo explodiu em novembro de 2009 e culminou com a prisão e depois queda do ex-governador do DF, José Roberto Arruda.
Ex-presidente da Codeplan, um órgão da administração do governo do DF, Durval filmou uma série de políticos locais, entre eles Arruda, recebendo propina em seu gabinete.
Nesta quarta (29), Francinei Arruda Bezerra, que é técnico em informática e auxiliava Durval no processo de digitalizar as gravações, disse em depoimento que o delator também tinha imagens de Rosso recebendo dinheiro, mas que não as entregou ao Ministério Público do DF. O relato foi publicado pelo jornal "Correio Braziliense".
Não é a primeira vez que Rosso tem seu nome envolvido no escândalo, mas a nova menção ao deputado tem potencial para embaralhar as articulações que buscam fazer dele o substituto de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara, caso o peemedebista realmente decida renunciar ao posto do qual está afastado desde maio por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).
Francinei disse em depoimento que, como auxiliar de Durval, viu imagens de Rosso recebendo propina. Ele afirmou ainda que o deputado frequentava a casa de Durval. A revelação interessa à defesa de réus, como Arruda, que tenta provar que Durval selecionou os alvos de sua acusação e omitiu fatos do Ministério Público. Com isso, buscam invalidar o acordo de colaboração fechado pelo delator.
Rosso já havia sido citado como um político próximo a Durval por outro antigo colaborador do delator. Procurado, o deputado atribuiu a citação de seu nome à disputa pela presidência da Câmara. Em nota, disse que repudia "qualquer tentativa espúria, sórdida e reiterada" de associar o seu nome a "supostas práticas ilícitas". "É evidente que trata-se, por óbvio, de tentativa sorrateira de denegrir minha reputação num momento onde discute-se eventual sucessão na Câmara", escreveu Rosso. O deputado diz que irá processar Francinei.
Para os advogados de defesa de Arruda, Paulo Emílio Catta Preta, o testemunho do ex-auxiliar de Durval, a afirmação de que os vídeos apresentados por Durval como prova da corrupção foram "manipulados" configura indício suficiente para que o acordo de colaboração seja revisto.
Procurado, o promotor Cleyton Germano desqualificou o depoimento de Francinei. "Essa é uma tentativa desesperada de tentar anular a delação do Durval. Para nós, essa testemunha não tem credibilidade, por conta das diversas contradições que já apareceram em seus depoimentos", disse. "Para nós não existem outros vídeos. Se dizem que existe, que apresentem", concluiu.
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