Decisão de Cunha dá alívio ao Planalto, que quer se afastar da disputa
Ueslei Marcelino -12.mar.2016/Reuters | ||
O presidente interino Michel Temer com o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha |
A decisão de Eduardo Cunha trouxe alívio ao Planalto por tirar do comando da Câmara Waldir Maranhão (PP-MA), que é mais alinhado ao governo anterior e patrocinou uma gestão interina marcada pela imprevisibilidade.
Por outro lado, porém, a renúncia traz duas preocupações a Michel Temer (PMDB): a ameaça de racha na sua base aliada na disputa pela sucessão na Câmara e a possibilidade de retaliação do peemedebista fluminense, acuado com a perda de poder.
Nas palavras de um assessor presidencial, o ideal é que Cunha seja mantido a "uma distância segura", mas não longe o suficiente para se sentir abandonado.
Em reunião com sua equipe, logo após o anúncio da renúncia, Temer deu duas orientações sobre o processo de sucessão do aliado, segundo auxiliares: pedir à sua base para encontrar um nome de consenso e evitar que o Planalto se engaje numa candidatura caso haja disputa.
Segundo assessores, mesmo com o tempo curto para a eleição do substituto de Cunha, Temer acredita que possa ser construído um acordo.
Caso isso não seja possível, a equipe do presidente diz que a ordem é não repetir os erros cometidos pela presidente afastada, Dilma Rousseff, que se envolveu no processo de disputa na Câmara e acabou deixando feridos.
Foi assim que transformou Cunha em seu inimigo, levando depois o então presidente da Casa a aceitar o pedido de impeachment contra ela.
Para o Planalto, o governo não pode fazer nem mesmo campanha nos bastidores para qualquer candidato, porque a operação acabaria sendo descoberta e criaria potenciais inimigos. O que Temer quer fazer é "estimular a conversa" entre os postulantes.
MOVIMENTAÇÃO
O presidente interino vinha sendo procurado há pelo menos dez dias por deputados que pleiteiam a vaga que antes era de Cunha.
Na reunião com sua equipe, o peemedebista demonstrou preocupação com a possibilidade de que um racha na base aliada breque a votação de medidas de interesse do governo federal, como a lei dos fundos de pensão e o teto dos gastos públicos.
"A orientação do presidente interino é deixar a própria base aliada se entender", disse o líder do governo, André Moura (PSC-SE), que se reuniu com Temer. "O ideal é que tenha um nome de consenso", acrescentou.
O presidente interino já esperava desde a semana passada a renúncia de Cunha. Em encontro no Palácio do Jaburu, Temer foi informado da intenção do peemedebista em renunciar e chegou, inclusive, a recomendar que ele tomasse esta decisão.
O Planalto tem preferência por um nome da bancada peemedebista, como Osmar Serraglio (PMDB-PR) ou Baleia Rossi (PMDB-SP), mas, em para fomentar um consenso, está disposto a apoiar um nome do "centrão", como Rogério Rosso (PSD-DF) ou Beto Mansur (PRB-SP).
Uma das ideias da base aliada, e que tem o respaldo do governo, é que eles se revezem na presidência da Câmara nos próximos anos.
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