Interior de SP discutirá temas nacionais nas eleições
Lucas Sampaio/Folhapress | ||
O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB, ao microfone), durante entrevista coletiva |
As eleições municipais nas principais cidades do interior de São Paulo deverão ser marcadas pela proliferação de temas nacionais nas campanhas e pela falta de dinheiro dos partidos para bancar disputas.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha e lideranças partidárias, temas como o petrolão, as operações desencadeadas a partir da Lava Jato e a "máfia da merenda" deverão fazer parte das campanhas eleitorais interioranas.
Enquanto o PT diz que não apoiará partidos que "apoiaram o golpe", o PMDB afirma esperar que o governo interino do peemedebista Michel Temer exerça influência positiva. Cidades como Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto, São José dos Campos e Santos estão entre os alvos prioritários das legendas.
Em Campinas, essa nacionalização já existiu em 2012, quando Jonas Donizette (PSB), apoiado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo presidente de seu partido, Eduardo Campos (1965-2014), derrotou no segundo turno Marcio Pochmann (PT), indicado pelo ex-presidente Lula. O julgamento do mensalão foi um dos temas abordados na campanha.
A disputa deve se repetir agora no maior colégio eleitoral do interior, possivelmente com PMDB e PSDB na mesma coligação.
Em São José dos Campos, o PT defenderá o mandato de Carlinhos Almeida, enquanto em Ribeirão Preto o partido decidiu não lançar candidato pela primeira vez desde os anos 80. Já o deputado federal tucano Duarte Nogueira é a aposta do PSDB para retomar o comando da cidade, perdido em 2008.
"A campanha discutirá temas locais, mas é evidente que o momento do país vai aparecer. E, para nós, é claro que não apoiaremos quem apoiou o golpe", diz Emidio de Souza, presidente do diretório estadual do PT.
Para Pedro Tobias, que preside o diretório tucano, a nacionalização deve surgir, mas pode gerar perda de votos. "Em cidades menores, o povo quer saber de água barata, dos problemas de esgoto, do asfalto. Se ficar só neste discurso, vai perder voto. Não adianta criticar a mercadoria do outro, é preciso falar bem da sua."
Para o cientista político Maximiliano Martin Vicente, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Bauru, será inevitável a presença dos problemas nacionais nas campanhas porque eles afetam o cotidiano das prefeituras. "Será um ingrediente extra, em meio à grave situação econômica."
Quem busca se aproveitar do momento é o PMDB, que comanda interinamente o país. "Com o Michel [Temer], temos influência positiva, pois ele está cumprindo bem o seu papel, melhorando a expectativa", afirma o deputado Baleia Rossi, presidente do diretório paulista da sigla.
FALTA DE DINHEIRO
De acordo com os partidos, uma dificuldade extra em 2016 será o financiamento das candidaturas, além das novas regras das eleições.
O tempo de campanha foi reduzido de 90 para 45 dias, começando em 16 de agosto. Na TV e no rádio, o horário eleitoral caiu de 45 para 35 dias, a partir de 26 de agosto. Além disso, as convenções partidárias, que tinham como limite 30 de junho, poderão ser realizadas entre os dias 20 deste mês e 5 de agosto.
"Nós nem sabemos como vamos financiar a eleição. A gente só não, a maioria dos partidos. Contratar um marqueteiro será muito difícil", diz Tobias.
No PT, Emidio afirma que a solução será criatividade. "O PT sempre fez campanhas criativas, voltaremos a isso."
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