Filha de ministro da Saúde tenta manter dinastia no Paraná
Reprodução/Facebook | ||
A deputada estadual Maria Victória Barros, que quer concorrer à Prefeitura de Curitiba |
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, tem três filhas. Mas é a mais nova, Maria Victória Borghetti Barros, que ele chama de "o menininho do pai", a única que seguiu a carreira política.
Agora, aos 24 anos e filiada ao PP, a deputada estadual quer ser prefeita de Curitiba, seguindo a trajetória do pai e da mãe, a vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP) –consolidando um poderoso grupo político local.
"Não tem essa coisa de família. Quem vota são as pessoas. Elas que escolhem. E votam porque comprovamos que trabalhamos por elas", diz Victória à Folha.
A jovem já lançou a pré-campanha: o lema é "Fique com o novo", referência à sua juventude, ainda que venha de uma família que está há quase 60 anos na política.
O pai, ex-prefeito de Maringá, foi deputado federal por cinco mandatos e é conhecido como articulador político.
Filiado ao PP, foi líder dos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), era da base de Dilma Rousseff e, ainda assim, virou ministro de Michel Temer (PMDB).
"Nós nunca criticamos ninguém. É proibido", diz, sobre sua estratégia eleitoral. "O adversário de hoje é o aliado de amanhã. Isso é política."
Para formar suas alianças, que diz já ter costurado "até 2018", com vistas à candidatura de Cida Borghetti ao governo do Paraná, Barros afirma usar um recurso simples: cumprir o que promete.
"Tudo o que eu combino, eu cumpro", diz. Não é loteamento, segundo ele: "É coalizão. Carrega uma bandeira na eleição e depois ajuda a executar. Senão, não tem sentido. Qual a motivação?"
O pragmatismo é um lema para Barros, que também é filho de ex-prefeito: seu pai, Silvio Barros, comandou a Prefeitura de Maringá nos anos 1970. Hoje, seu irmão, Silvio Barros II (PP), é favorito para retomar o posto –que já ocupou por dois mandatos.
A família rechaça a tese de oligarquia. "Baseado em quê? No voto democrático e secreto das pessoas?", questiona Barros. "Nós fazemos vestibular a cada quatro anos".
Maria Victória também não gosta da crítica. "Filho de médico pode ser médico, de dentista também. Qual o preconceito com políticos?"
Para ela, a família continua na estrada porque faz "a boa política", que traz resultados para os eleitores.
A passagem de Barros pela Prefeitura (1989-1993) rendeu a ele investigações. Ele é alvo de inquérito no STF que apura suposto direcionamento em licitação de publicidade da prefeitura.
Também sofre investigação por supostas irregularidades na licitação para compra de equipamentos e outro por concessão de incentivos fiscais considerados ilegais. O ministro nega as acusações.
Nas investigações da Lava Jato, foi citado pontualmente, apesar de ser do PP, partido com o maior número de implicados no escândalo.
Aparece em planilhas da empreiteira Odebrecht de supostos financiamentos a políticos. O ministro afirma que não foi citado como beneficiário dos recursos.
NOSTALGIA
Deputada há dois anos, Victória vive com uma lista de coisas a fazer. Risca uma a uma ao longo do dia. É "obstinada", segundo o pai.
Ela diz ter aprendido a ser independente: na época do impeachment de Dilma, foi a primeira a confrontar o pai e defender que o PP votasse a favor da saída da petista.
Para montar o plano de governo, foi ouvir os conselhos do urbanista Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba e amigo da família. "Curitiba sempre foi de vanguarda. Queremos retomar isso", diz Victória.
Hoje, a deputada tem cerca de 3% de intenção de voto nas pesquisas.
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