Na disputa pela prefeitura, João Doria ganha musculatura, mas sofre boicote
Danilo Verpa/Folhapress | ||
O tucano Joao Doria, que conta com a estrutura do Governo do Estado de São Paulo |
Aposta do governador tucano Geraldo Alckmin, a candidatura de João Doria à Prefeitura de São Paulo chega à convenção do PSDB, neste domingo (24), com força que surpreendeu até adversários.
O empresário e apresentador de televisão ainda enfrentará uma longa batalha política e jurídica diante da oposição a seu nome no próprio partido.
Ele é acusado por caciques tucanos e pelo Ministério Público Eleitoral de compra de votos, de ter recebido doação de empresa e de ter se beneficiado com o loteamento de cargos na gestão Alckmin. O candidato nega.
Juntos, o governador e Doria aglutinaram o apoio de 11 partidos, alguns dos quais trocaram a adesão por pastas na gestão estadual.
A disciplina e assiduidade, porém, reduziram o ceticismo com que era visto quando se lançou pré-candidato, quase um ano atrás.
"Internamente, ele não era considerado um candidato viável", admitiu o presidente municipal do PSDB, vereador Mario Covas Neto. "Mas foi cativando e crescendo."
A seu favor, conta a capacidade de financiar a própria campanha, que Doria calcula no custo de R$ 15 milhões (o tesoureiro será um empresário, ele garante).
Contra o candidato, pesa a oposição interna, liderada pelo senador José Aníbal e o ex-governador Alberto Goldman, que entraram com representação no Ministério Público acusando-o de abuso de poder econômico nas prévias.
Com a polêmica, o vereador Andrea Matarazzo deixou o PSDB e se filiou ao PSD.
O terceiro pré-candidato, deputado Ricardo Tripoli, afastou-se do processo, mergulhou em seu mandato na Câmara e não comparecerá à convenção deste domingo.
Tampouco irão Aníbal, Goldman, o chanceler José Serra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do partido, Aécio Neves, que gravou um vídeo pedindo "unidade".
No contra-ataque, Alckmin e Doria escalaram os ministros Alexandre de Moraes (Justiça) e Bruno Araújo (Cidades), os governadores Pedro Taques (Mato Grosso) e Marconi Perillo (Goiás) e o senador Aloysio Nunes Ferreira.
Também passou por Alckmin a escolha do deputado Bruno Covas como candidato a vice, e mais uma vez adversários chiaram pela forma como o processo foi conduzido.
Centralizador, detalhista e controlador do fluxo de informações, Doria esperou dez dias para confirmar Covas, alimentando especulações.
'COXINHA'
O candidato ainda terá de superar o desconhecimento na periferia e a fama de almofadinha. Em sabatina promovida por Folha, UOL e SBT, nesta semana, disse: "adoro coxinha. Coxinha e pastel é o que eu tenho mais comido nas visitas à periferia".
Foram, aliás, 123 idas a bairros afastados, até o fechamento desta edição –ele atualiza o número a cada declaração pública.
"Quem faz isso é porque precisa se reafirmar", disse Paulo Fiorilo, coordenador da campanha à reeleição do prefeito Fernando Haddad (PT).
Em conversa com a Folha em junho, Doria confessou que, antes de se tornar pré-candidato, "nunca tinha visto tanta miséria" e disparou críticas à gestão Haddad.
De olho no antipetismo paulistano, o tucano escolheu o PT como alvo e faz ataques ao ex-presidente Lula.
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JOÃO DORIA (PSDB), 58
6% NO DATAFOLHA
- Vice Bruno Covas (PSDB), 36
- Alianças PSB, PMB, PHS, PV, PPS, PP, DEM, PRP, PT do B e PTC
- Marqueteiro Lula Guimarães
- Gasto estimado R$ 15 mi
- Pontos fortes tem apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), dinheiro próprio para financiar parte da campanha e não tem carreira política tradicional
- Pontos fracos posição dentro do próprio partido, acusação de abuso de poder econômico e pouca adesão na periferia
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