Europa é modelo para projeto sobre jogos de azar no Brasil
Andrea Comas -26.set.2012/Reuters | ||
Fachada do Cassino Gran Madrid, na capital espanhola |
Caso o Senado aprove a regulação dos jogos de azar, matéria que está em discussão na Casa e tem apoio de setores do governo federal, o Brasil se aproximará de um cenário que já está em vigor na Europa.
Entre os pontos em debate está a quem caberia a fiscalização de jogos como bingos e cassinos.
No bloco europeu, as roletas ajudam a rodar a economia, um empurrão bem recebido após os anos de crise financeira.
A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, estima que esse mercado valha cerca de € 85 bilhões (R$ 300 bi), com crescimento anual de 3%. Jogos on-line têm 6,8 milhões de consumidores e representam mais de 12% do setor.
As apostas virtuais são uma das áreas de maior interesse para a cooperação entre os Estados-membros, já que essa é uma modalidade que cruza fronteiras.
Diversos países exigem, hoje, que as empresas sejam registradas em cada local para poder permitir o jogo on-line.
Ouvido pela reportagem, um porta-voz da comissão esclareceu que não há uma legislação que valha para todo o bloco.
Regulação e fiscalização dependem dos países, desde que estejam de acordo com as normas da União Europeia, como a livre movimentação de serviços.
A ausência de uma legislação europeia está, segundo o porta-voz, "relacionada às diversas abordagens quanto aos jogos de azar nos diversos Estados-membros, levando em conta fatores morais, culturais e religiosos".
Na Áustria, por exemplo, regulação e fiscalização têm como um de seus nortes o controle do vício no jogo, incluindo possível tratamento.
No Chipre, a legislação varia de acordo com o mapa. No sul da ilha, aprovou-se recentemente o funcionamento de cassinos. No norte, turco, já há diversos deles.
Na Espanha estava proibido até 2012 que uma sala de jogos fosse aberta a menos de 29 quilômetros da capital, Madri. Com uma mudança na legislação, foi aberto no ano seguinte um cassino no centro dessa cidade.
BLACKJACK
A reportagem da Folha visitou o Cassino Gran Madrid durante a semana e encontrou mesas de blackjack –o chamado "vinte-e-um"– abarrotadas de jogadores lançando suas fichas. Em algumas partidas todo o público era composto de chineses.
O complexo também inclui mesas de poker, máquinas de caça-níquel (uma delas em 3D) e um bar. É possível, ainda, apostar em competições esportivas, como a Olimpíada deste ano no Rio.
GIBRALTAR
Os jogos de azar têm se espalhado pelo continente, e países europeus vêm legislando sobre as apostas on-line durante os últimos anos. Uma das regiões que mais lucram com o setor é o território britânico de Gibraltar, no sul da península Ibérica.
Segundo Peter Howitt, chefe da Associação de Apostas e Jogos de Gibraltar, o setor contribui com 25% do PIB (Produto Interno Bruto), se somados outros negócios e serviços relacionados.
Howitt, que também representa a firma de direito Ramparts, especializada no setor financeiro e legislação europeia, diz que Gibraltar esteve na vanguarda dos jogos on-line nos anos 2000.
Esse território ao sul da Espanha atraiu, dessa maneira, funcionários capacitados. Há também impostos atraentes, distintos daqueles cobrados no Reino Unido.
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